“A agenda climática apocalíptica está a perder legitimidade”: Michael Shellenberger, o ambientalista que diz que não estamos no fim do mundo
Numa entrevista por escrito, o autor de "Apocalipse Nunca" explica por que acha contraproducente, e mesmo perigoso, exagerar a ameaça das alterações climáticas. E, para ele, a solução encontra-se exatamente onde muitos pensam que está o mal
23 Junho 2021 15:35
Não
vem aí nenhuma extinção em massa, as alterações climáticas não vão
provocar fome, a desflorestação da Amazónia não tem efeitos drásticos
sobre a atmosfera, o aquecimento global não é responsável por grandes
incêndios florestais nos últimos anos. Para Michael Shellenberger, um
ambientalista de longa data que contesta aquilo que vê como alarmismo
desnecessário e até nocivo. é no desenvolvimento económico e tecnológico
- e em particular, na energia nuclear - que está a resposta mais
importante para os problemas ambientais. Essas ideias surgem no livro
"Apocalipse Nunca" (ed. Dom Quixote), a propósito de cuja recente edição
portuguesa o Expresso lhe enviou algumas questões.
O
seu livro é um apelo contra o alarmismo, ou uma narrativa apocalíptica,
se quisermos, que parece ter-se tornado a posição habitual em muitas
discussões sobre o ambiente. Quais dos seus aspetos o preocupam mais?
É
verdade que as alterações climáticas podem tornar mais intensos alguns
eventos climatéricos extremos, e que os furacões são piores em nações
pobres do que nas ricas. O governo americano prevê, por exemplo, que a
intensidade máxima nas tempestades tropicais e furacões no Atlântico
aumentará 5% no século XXI. E isso sem contar as vidas potenciais que se
perdem com a menor produtividade agrícola, a doença e a subida do nível
do mar.
Mas não existe nenhum cenário cientificamente válido que afirme que as alterações climáticas alguma vez matarão 90 mil pessoas num único ano, muito menos só nos EUA. Embora a intensidade dos furacões possa aumentar 5%, a mesma ciência prevê que a sua frequência reduzir-se-á 25%. As mortes por desastres naturais desceram 99% no Bangladesh e noutras nações pobres desde os anos 80, embora o planeta tenha continuado a aquecer. Globalmente, o período de cinco anos que terminou em 2020 teve o menor número de mortes em desastres naturais de qualquer período de cinco anos desde 1980.
Nem o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC) nem qualquer outro organismo científico reputado prevê uma inversão da tendência de longo prazo para o declínio de mortes, mesmo que as temperaturas subam significativamente. E relatórios tanto do IPCC como da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Desenvolvimento) deixam claro que o crescimento económico e a tecnologia existente deverão superar os impactos das temperaturas mais altas na produção alimentar, nas doenças e nas subidas do nível do mar.
Contudo, uma grande sondagem com 30 mil inquiridos pelo mundo fora descobriu que cerca de metade acreditam que as alterações climáticas poderão extinguir a humanidade. Profissionais de saúde mental veem-se agora rotineiramente a lidar com ansiedade adolescente sobre o clima. Em janeiro, soube-se que um em cada cinco crianças reportam ter pesadelos sobre ele. É um disparate.
Pode
explicar um pouco melhor como os média contribuem para reproduzir o
alarmismo? É sobretudo uma questão de ignorância ou há mais em jogo? Tem
tido algum sucesso em ajudá-los a reparar no fenómeno?
Em
parte, é para poderem usar os eventos mais visuais e dramáticos do
mundo, desde o furacão Sandy até aos fogos florestais da Califórnia,
para destacar o assunto junto dos eleitores. Se se reconhecesse que os
danos do furacão Sandy tiveram largamente a ver com o falhanço de Nova
Iorque em modernizar os seus sistemas de controle de inundações ou que
os incêndios florestais na Califórnia se deveram à acumulação de
combustível de madeira após décadas de supressão de fogos, os
jornalistas, cientistas e ativistas alarmistas ficariam privados dos
efeitos visualmente poderosos e dos "cabides noticiosos" de que precisam
para amedrontar as pessoas, angariar dinheiro e promover políticas
climáticas.
Acho que o objetivo do alarmismo é simplesmente o próprio alarmismo. Não é reduzir as emissões de CO2, pois aí ir-se-ia para o gás natural e a energia nuclear. Os grupos de interesse do clima, porém, querem energia solar e eólica. Porquê? Por um lado, porque as veem em harmonia com a natureza, e por outro, por acharem que temos de fazer sacrifícios.
O alarmismo
climático não tem a ver só com dinheiro. Também com poder. As elites têm
usado o alarmismo climático para justificar esforços para controlar as
políticas alimentares e energéticas nos seus países de origem e pelo
mundo fora desde há mais de três décadas.
Apenas na
última década, conseguiram desviar financiamento do Banco Mundial e
instituições similares que se destinava a fins de desenvolvimento e
orientá-lo para causas beneficentes, como painéis solares para aldeões,
que não potenciam o desenvolvimento.
Quando a discussão
apocalíptica sobre armas nucleares chegou ao fim com o termo da Guerra
Fria, os medos seculares tiveram de arranjar algo diferente a que se
agarrarem. Mesmo as armas nucleares foram um substituto para
apresentações anteriores do apocalipse, incluindo o fascismo e o
comunismo. Além disso, no início dos anos 90, os medos do excesso
populacional esvaíram-se, pelo que os pensadores ambientais se viraram
para o clima.
A boa notícia é que a agenda climática
apocalíptica está rapidamente a perder legitimidade, e a falhar
politicamente. Isto não acontece apenas por os ativistas climáticos
encerrarem centrais nucleares e aumentarem as emissões, mostrando que as
suas motivações reais têm menos a ver com as alterações climáticas do
que com restringir o crescimento económico. Também é por as drogas
estarem a matar 300 vezes mais pessoas do que o clima, deixando claro
qual é a verdadeira emergência e qual não é.
Foi de alguma forma ostracizado por causa das suas opiniões? Houve críticas que tenha achado úteis?
Embora
esperasse que o meu livro fosse controverso, não esperava que o
principal repórter climático da CNN o comparasse a um anúncio de tabaco,
ou que um jornalista ambiental com quase meio milhão de seguidores no
Twitter me acusasse de promover a "supremacia branca".
E,
no entanto, sou um ativista do clima há 20 anos e um ativista ambiental
há mais de 30. Os governos, incluindo o congresso americano, pedem-me
regularmente que dê o meu testemunho enquanto especialista energético.
E, no ano passado, o IPCC pediu-me que fosse crítico especialista do seu
próximo grande relatório.
Mas como aponto factos
inconvenientes sobre o clima, as renováveis e o nuclear, atacam-me da
mesma forma que os heréticos sempre foram atacados. A sua esperança é
conseguir desviar a atenção do conteúdo, e denegrir o meu caráter.
Felizmente, não resultou. "Apocalipse Nunca" foi um best-seller. Está a
ser traduzido em mais de 15 línguas. Testemunhei seis vezes perante o
Congresso nos últimos 18 meses. E tenho mais dois livros em preparação
para a HarperCollins, um dos quais será publicado ainda este ano.
Menciona
o fundo religioso, por assim dizer, de muito desse pensamento
apocalíptico, embora aqui a entidade invisível superior seja a
'natureza', não Deus. Por vezes não é necessário um pouco desse tipo de
crença para se ser um ativista, ainda que secular - uma fé em algo que
nos transcende, ainda que não seja estritamente real?
A
energia renovável e os movimentos ambientais constituem uma religião.
Há argumentos bíblicos que são usados: nós humanos, vivemos em tempo em
estado de harmonia com a natureza, e então ferimo-la, causámos-lhe dano,
violamo-la com conhecimento e tecnologia, com combustíveis fósseis e
nucleares.
Tombámos da natureza. Caímos, somos culpados. Portanto, devemos parar de comer carne. Este é um ponto central em muitas religiões: nada de carne, nada de prazer, nada de viajar, ou o mundo perecerá. Como se diz no Livro da Revelação, o apocalipse vem aí. O alarmismo climático é poderoso por ter emergido como uma religião alternativa para pessoas supostamente seculares, fornecendo muitos dos mesmo benefícios psicológicos da fé tradicional. O alarmismo climático dá-lhes um propósito. Oferece-lhes uma histórias que os apresenta como heróis e proporciona-lhes uma via para encontrarem sentido nas suas vidas, retendo ao mesmo tempo a ilusão de serem gente de ciência e razão, não de superstição e fantasia.
Não
há nada de errado na fé religiosa, e com frequência há muito de certo.
As religiões há muito tempo oferecem às pessoas o sentido, o propósito e
as consolações de que elas precisam para suportar os muitos desafios da
vida. As religiões podem ser um guia para comportamento positivo,
pró-social e ético. O problema com a nova religião
ambiental é que se tornou cada vez mais destrutiva. Leva os seus
aderentes a demonizar os seus opositores, e espalha ansiedade e
depressão sem satisfazer as necessidades espirituais mais profundas.
Na
sua opinião, quais foram as principais realizações do movimento
ambiental ao longo das últimas décadas? E que efeitos particularmente
negativos destacaria?
Ao longo das últimas
décadas, o movimento ambiental criou globalmente áreas protegidas de
centenas de milhares de milhas. Isso é altamente significativo.
Mas a insensibilidade à necessidade que o Brasil tem de desenvolvimento
económico levou grupos ambientais, incluindo o Greenpeace, a defender
políticas que contribuíram para a fragmentação da floresta tropical e a
expansão desnecessária dos ranchos e da agricultura. Políticas
ambientais deviam ter resultado em "intensificação", cultivando mais
comida em menos terra. Em vez disso, resultaram em extensificação, e
numa reação política e por parte dos agricultores que levou à
desflorestação crescente.
O Greenpeace exigiu um Código Florestal muito mais estrito do que o que foi imposto pelo governo brasileiro. O Greenpeace e outras ONG ambientais exigiram que os proprietários mantivessem uma grande parte dos seus terrenos, 50% a 80%, como floresta através do Código Florestal do Brasil.
O Greenpeace tentou impôr restrições mais estritas da agricultura na floresta da savana, conhecida como o Cerrado, onde muita da soja brasileira é cultivada. "Os agricultores ficaram receosos de que houvesse outra moratória dos governos às importações de soja do Brasil", explica Nepstad. "O Cerrado é 60 por cento da cultura de soja da nação. A Amazónia é 10 por cento. Assim, isto é um assunto bastante mais sério".
A campanha da Greenpeace levou jornalistas, políticos e o público a misturar a savana do Cerrado e a floresta da Amazónia, fazendo crer que a expansão do cultivo de soja no Cerrado era o mesmo que derrubar árvores na floresta tropical. Mas há muito mais justificação económica e ecológica para a desflorestação no Cerrado, que é muito menos diverso biologicamente, e tem solos mais adequados ao cultivo de soja, do que a floresta tropical. O Greenpeace e os jornalistas exageraram o problema, criando a impressão errada de que os dois lugares tinham igual valor ecológico e económico.
Alguma
vez o inquieta que o que escreve possa ser usado por pessoas que não
são de forma nenhuma ambientalistas e querem apenas acabar com qualquer
tipo de limitações às atividades económicas? Toma algum tipo de
precauções contra isso, ou simplesmente não é uma questão?
Trabalho
nesta área há 30 anos e nunca encontrei ninguém que corresponda à
caricatura que está a descrever. Essa caricatura foi criada por grupos
como o Greenpeace para estigmatizar opositores da sua agenda radical
como indiferentes ao ambiente, quando na realidade esses opositores
muitas vezes levantam questões económicas e ambientais sérias.
As renováveis que dependem do tempo tornam cara a eletricidade. Veja as redes elétricas: a oferta e a procura são melhor conciliadas em sistemas com um pequeno número de grandes centrais. Se agora acrescentarmos as energias renováveis, temos de acrescentar uma quantidade enorme de equipamento, controles, empregados e agências do estado. É assim que se geram custos e se obriga as pessoas a pagarem mais pela eletricidade.
Os ambientalistas apocalípticos como Greta Thunberg alegam que combater as alterações climáticas requer sacrifícios económicos, mas a história desmente isso. As nações ricas têm vindo a reduzir as suas emissões desde há décadas, ao mesmo tempo que crescem economicamente. Os sacrifício só é necessário quando se utilizam renováveis. Mas se avançarmos na direção do progresso, da madeira ao carvão ao gás natural e à energia nuclear, nenhuns sacrifícios são precisos; pelo contrário, criaremos mais prosperidade.
Nos EUA, as emissões de dióxido de carbono caíram mais abruptamente desde 2000 do que em qualquer outro país do mundo. Em comparação com 2005, a diminuição já atinge 22 por cento. O objetivo de Paris era 17 por cento. Neste momento já o excedemos, e por razões que nada têm a ver com o Acordo de Paris. A chave foi o fracking (fraturamento) para obter gás natural. O gás natural provoca cerca de metade das emissões de CO2 do carvão e essa mudança, que já está em curso há algum tempo, traz um alívio considerável. Sob Trump, a mudança aconteceu tão rapidamente como sob Obama, e as emissões ainda caíram a um ritmo acelerado.
A descida do preço do gás natural poupou aos consumidores custos de 100 mil milhões de dólares por ano. Portanto ainda é mais dramático do que dizer que um provoca menos custos do que o outro: reduzimos as emissões de CO2 tornando as energias limpas mais baratas; por outras palavras, obtendo um lucro. Nada disto devia ser surpreendente. Salvamos a natureza através do crescimento económico, não do decrescimento.
A
inovação do petróleo, que criou imensa prosperidade, acabou com a
necessidade de os humanos matarem baleias pelo óleo de baleia, o que
salvou da destruição muitas dessas espécies. A criação do plástico pôs
fim à matança de tartarugas-marinhas pelas suas carapaças tipo plástico.
A inovação da energia nuclear pôde descarbonizar a rede elétrica e as
indústrias, oferecendo a eletricidade mais fiável do planeta e
estimulando o crescimento económico.
A sua
descrição da situação na Amazónia parece ser um exemplo do tipo de
compromissos (natureza vs. desenvolvimento económico) que acha que são
exagerados, e poderão mesmo ser falsos. Como vê as políticas de
Bolsonaro no último ano?
Entre 500 e 1350, as
florestas passaram de cobrir 80 por cento da Europa ocidental e central a
cobrir metade disso. Os historiadores estimam que entre 800 e 1300 as
florestas de França se reduziram de 30 milhões de hectares para 13
milhões. As florestas cobriam 70 por cento da Alemanha em 900, mas
apenas 25 por cento em 1900.
E, no entanto, as nações desenvolvidas, em particular as europeias, que enriqueceram graças à desflorestação e aos combustíveis fósseis, procuram evitar que o Brasil e outras nações tropicais, incluindo o Congo, se desenvolvam da mesma forma. A maioria delas, incluindo a Alemanha, produzem mais emissões de carbono per capita, incluindo pela queima de biomassa, do que os brasileiros, mesmo tomando em conta a desflorestação da Amazónia.
A desflorestação do Brasil voltou a aumentar em 2013 devido a uma severa recessão económica e a uma reduzida aplicação da lei. A eleição de Bolsonaro em 2018 foi tanto um efeito do aumento de procura por terra como uma causa da desflorestação acrescida. Dos 210 milhões de brasileiros, uns 55 milhões vivem na pobreza. Outros 2 milhões caíram na pobreza entre 2016 e 2017.
Nada disto é para sugerir que a subida das emissões de dióxido de carbono e as alterações climáticas não implicam riscos. Implicam. Mas temos de compreender que nem todos os seus impactos serão maus para o ambiente natural e as sociedades humanas. Também nada disto significa que não devemos estar preocupados com a perda de florestas antigas na Amazónia e pelo mundo fora. Devemos. As florestas primárias oferecem habitats únicos para as espécies. Embora o total de cobertura florestal na Suécia tenha duplicado ao longo do último século, muitas das novas florestas surgem em formas de explorações monoculturais de árvores.
Mas
se queremos proteger as florestas primárias que ainda restam, incluindo
na Amazónia, vamos ter de rejeitar o colonialismo ambiental e apoiar os
países nas suas ambições de desenvolvimento.
As
questões de utilização da terra são um dos seus focos, onde tem
opiniões que algumas pessoas acham surpreendentes. Até que ponto elas
são informadas pelas suas experiências pessoais?
Sou
sensível aos comportamentos insensíveis dos ambientalistas do mundo
desenvolvidos, pois vivi com pequenos agricultores na América Latina e a
vida era extremamente difícil. A vida na Amazónia era em
muitos aspetos bastante mais dura do que na América Central, porque as
comunidades são muito mais remotas. Vivi em comunidades no Brasil que
praticavam a queimada. Começam com cortar árvores na floresta, deixar
secar a madeira e a biomassa, e então queimá-la. A cinza fertiliza os
campos. Então plantam-se as culturas, que dão um retorno escasso.
As pessoas com quem trabalhei eram demasiado pobres para terem muito gado, embora isso fosse o grau seguinte na escala económica. Cortar e queimar era trabalho brutal. Os homens bebiam grandes quantidades de rum enquanto o faziam. Passávamos tardes mais frescas e agradáveis a pescar no rio.
No Brasil, como na Nicarágua, o meu
entusiasmo por cooperativas socialistas era com frequência maior do que
os dos pequenos agricultores que deveriam beneficiar delas. A maioria
dos pequenos agricultores que entrevistei queriam trabalhar o seu
próprio pedaço de terra. Podiam ser grandes amigos dos vizinhos, e até
ser seus familiares por via do nascimento ou do casamento, mas não
queriam trabalhar com eles. Não queriam ser explorados por alguém que
trabalhasse menos duramente, disseram-me.
A
ideia de que toda a gente deve passar a consumir menos, conforme nota, é
injusta para com aqueles no mundo que ainda se encontram muito longe
dos nossos próprios níveis de bem-estar. Mas o que acha de nós, no
chamado mundo rico, seguirmos essa instrução? Seria útil, e se sim, de
que formas?
A covid-19 mostrou-nos as
limitações de consumir menos. Parámos a economia global e consumimos
muito menos do que o habitual. No entanto, as emissões de dióxido de
carbono caíram apenas 6 por cento. Isso mostra as limitações de consumir
menos, mesmo em países ricos.
O que lhe
diz a noção, promovida por Michael Pollan [escritor e jornalista
americano] e outros, de que o que é bom para a nossa saúde é geralmente
bom para o planeta, constituindo o peixe uma rara exceção?
A
pobreza é o nosso pior problema ambiental. Os agricultores pobres usam
muito mais terra para produzir culturas do que as práticas agrícolas
altamente desenvolvidas, invadindo espaços protegidos e causando danos à
vida selvagem. Este tipo de pobreza também desencoraja a vida em
cidades, onde os impactos ambientais humanos são menores.
Em
relação ao peixe, ele é uma forma de proteína incrivelmente nutritiva, e
atualmente estamos a pescar demais no planeta inteiro. As culturas de
peixe, incluindo com peixe geneticamente modificado, diminuirão o
impacto ambiental de consumir peixe e reduzirão o seu preço, o que é bom
para nós e para o ambiente.
Num livro
recente, Bill Gates também coloca muita da sua ênfase em soluções
tecnológicas. Ele tem sido criticado, entre outras coisas, por
subestimar a importância dos comportamentos individuais. Qual é a sua
ideia sobre o valor de uma educação ambiental nas escolas, por exemplo?
Uma
comparação da Alemanha com a França é extremamente interessante. Por
cada unidade de eletricidade, a França gera um décimo das emissões de
CO2 da Alemanha, e o preço da eletricidade em França é metade. Existe
algo do que Greta Thunberg propõe em termos de comportamento individual
que possa reduzir as emissões em 90%? Só recusando voar, conduzir e
comer carne. Os franceses mostram que se pode continuar a fazer todas
essas coisas e mesmo assim reduzir as emissões radicalmente mais do que a
Alemanha, e com metade dos custos.
Exclusivo do Expresso
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