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terça-feira, 27 de julho de 2021

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32. A conversão do sujeito em objecto e vice-versa: o capitalista como
capital personificado e o operário como trabalho personificado
(...) a dominação dos capitalistas sobre os operários não é mais do que a dominação sobre
estes das condições de trabalho (entre as quais se contam também, para lá das condições
objectivas do processo de produção – ou seja os meios de produção – as condições objectivas
de manutenção e da eficácia da força de trabalho, quer dizer, os meios de subsistência),
condições de trabalho que se tornaram autónomas, e precisamente face ao operário. Contudo,
esta relação em que as condições de trabalho dominam o operário realiza-se apenas no
processo real de produção, que, como vimos, é essencialmente processo de produção de mais
valia – o que inclui a conservação do antigo valor – processo de auto-valorização do capital
adiantado.(...) As funções que o capitalista exerce não são mais do que as funções do próprio
capital – do valor que se valoriza sugando trabalho vivo – exercidas com consciência e
vontade. O capitalista só funciona enquanto capital personificado, [o capitalista] é o capital
enquanto pessoa; do mesmo modo, o operário funciona unicamente como trabalho
personificado, [trabalho] que a ele pertence como suplício, como esforço, mas que pertence ao
capitalista como substância criadora e incrementadora de riqueza. (...) A dominação do
capitalista sobre o operário é, por conseguinte, a dominação da coisa sobre o homem, a do
trabalho morto sobre o trabalho vivo, a do produto sobre o produtor, já que na realidade, as
mercadorias, que se convertem em meios de dominação sobre os operários (porém apenas
como meios de dominação do capital) não são mais do que simples resultados do processo de
produção, do que produtos do mesmo. Na produção material, no verdadeiro processo da vida
social – pois é isso o processo de produção – dá-se exactamente a mesma relação que se
apresenta na religião, no terreno ideológico: a conversão do sujeito em objecto e vice-versa.
(...)
A auto-valorização do capital – a criação de mais-valia – é pois objectivo determinante,
predominante e avassalador do capitalista, impulso e conteúdo absoluto das suas acções; na
realidade, não é outra coisa senão o afã e a finalidade racionalizados do entesourador.
Conteúdo absolutamente mesquinho e abstracto, que, sob certo ponto de vista, faz o capitalista
aparecer como que submetido a uma servidão para com a relação do capital que é igual,
embora também de outra maneira, à do seu polo oposto, à do operário.
Capítulo Inédito d’O Capital. Resultados do processo de produção imediato, escrito em 1864

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