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segunda-feira, 12 de julho de 2021

Oliver Stone alvo do ódio dos liberais


https://www.publico.pt/2021/07/11/culturaipsilon/noticia/novo-jfk-cannes-oliver-stone-estreou-documentario-pai-cazaquistao-1969976

  Antes do novo JFK em Cannes, Oliver Stone estreou documentário sobre o “pai” do Cazaquistão 

 Sob muitas críticas, o realizador norte-americano fez uma série de oito horas sobre o homem que dominou o país durante quase 30 anos. Depois de Fidel, Putin ou Chávez, é a vez de Nursultan Nazarbaiev “by Oliver Stone”. Joana Amaral Cardoso 11 de Julho de 2021, 16:47

Oliver Stone no sábado, já em Cannes JOHANNA GERON/Reuters 

 Estas semanas são um bom exemplo do momento paradoxal da carreira de Oliver Stone. Segunda-feira estreia-se no Festival de Cannes o seu documentário JFK Revisited: Through the Looking Glass, que revisita o que já foi tema do seu filme JFK em 1991 com novas informações sobre a morte de John F. Kennedy,​ Presidente dos EUA entre 1961 e 1963.

 Na passada terça-feira, estreou-se o seu outro mais recente trabalho, a série documental Qazaq: History of the Golden Man, em que entrevista, de forma que os detractores consideram acrítica, o antigo Presidente do Cazaquistão Nursultan Nazarbaiev, que dominou o país durante quase 30 anos e o colou em parte à sua figura. Depois de uma série em que entrevista o Presidente russo Vladimir Putin sobre a Rússia mas também sobre a Ucrânia (que passou em Portugal nos canais TV Cine), de um documentário sobre Hugo Chávez, Mi Amigo Hugo – e, no passado mais longínquo, um filme-entrevista com Fidel Castro, Comandante (2003) –, agora é a vez do “pai da nação” do Cazaquistão, que mudou o nome da capital de Astana para Nur-sultan em sua própria honra e que marcou a data de estreia para 6 de Julho, a sua data de nascimento. São oito filmes em oito episódios sobre um homem cujo reinado terminou oficialmente há dois anos mas que continua a manter cargos vitalícios nas cúpulas do sistema político cazaque que ajudou a erguer e a manter sob seu controlo. Difícil de aceder por parte da imprensa independente, próximo de Putin, criticado pelos observadores internacionais por processos eleitorais por falta de transparência e liberdade, repressão policial sobre opositores e sobre a imprensa, Nursultan Nazarbaiev é sinónimo de prosperidade económica e construção de um sistema político após a queda da URSS quanto de culto de personalidade. “Chamem o que quiserem a #Nazarbayev – ditador, homem forte, tirano, fundador, vê-lo-ão como um homem modesto a explicar a queda do #império soviético e a importante transição do seu país para nação independente, incluindo a forma como dispõe do seu arsenal nuclear”, escreveu o realizador de The Doors ou Assassinos Natos no Twitter quando da estreia do filme num cinema na capital cazaque. As respostas ao tweet acusam-no de cegueira perante um homem que vêem como “corrupto e tirano”, perguntam quanto foi pago para fazer este filme – algo que o diário britânico The Guardian também questionou, bem como quem pagou pelo filme, sem resposta de Stone ou do seu produtor –, evocam propagandistas de regimes ditatoriais como Leni Riefenstahl. Jornalistas independentes citados pelo Guardian repetem que o filme está colado à visão do autocrata e que não aborda temas sensíveis para o seu governo. O Guardian escreve este domingo que com este filme, “Stone confirma as suas credenciais como o entrevistador ocidental a quem recorrer para homens fortes actuais ou na reforma que queiram evitar perguntas incómodas sobre democracia”; no passado, o norte-americano Daily Beast identificava como o realizador estava a “deslizar da produção de blockbusters aclamados de Hollywood para hagiografias lambe-botas de ditadores”. Por estes dias, Oliver Stone responde às críticas recorrendo à ideia de independência. “Qual é o problema de celebrar Nazarbayev por ter estado 30 anos no cargo”, disse ao Guardian, quando questionado sobre se o filme não poderia ser usado como propaganda. “Dêem-lhe crédito por elevar o país e manter a paz e não se ter tornado num monte de lixo como a Ucrânia.” Não quer ser parte do papel americano de polícia do mundo, argumenta. “Não vou chegar aqui”, disse por telefone a partir da capital cazaque, “e dar lições a estas pessoas sobre como governar o seu país e gerir uma democracia”. Para ele, cita o Guardian, Nazarbayev é como um “chefe de tribo” num país complexo. Oliver Stone votou em Joe Biden, como disse ao site Deadline no sábado, e se fizesse um filme sobre Trump seria “uma comédia ou uma sátira”, como fez com George W. Bush. Sobre os documentários, diz que se sente realizado com eles “porque são importantes”. O seu próximo projecto é sobre “energia limpa, e é crucial, é importante para o mundo”.

 

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