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domingo, 13 de novembro de 2022

O que une é superior ao que separa

 Comentários à

Giorgos Marinos, membro do BP do CC do KKE

 Esta "Contribuição" reafirma as posições do Partido Comunista da Grécia e é quase um irmão gémeo nessas determinadas posições com o Partido Comunista do México. Na Venezuela, Brasil, e vários outros países reconhecemos semelhanças. O Movimento Comunista Internacional separa-se em duas correntes de opinião e de ação correspondente, com mediações e nuances.Esses dois posicionamentos quando se apresentam extremados, no terreno concreto da ação política, mostram opções "esquerdistas" e opções "reformistas". Quero dizer : não o são sempre, não o são por vezes no texto dos programas, são-no naquelas situações em que se decide o futuro a breve e médio prazo do Movimento. Ou se escolhe participar de um governo, ou não, eis um exemplo. 

  O "esquerdismo" contemporâneo manifesta-se na incompreensão do que sucede na Ucrânia. Manifesta-se na incompreensão que se observa na China. Também poderíamos referir, no concreto, os casos da Venezuela e do Brasil de Lula da Silva. Deixemos Portugal de fora por enquanto.

   Não se compreende (isto nada tem que ver com esperteza) que a guerra no leste europeu não é entre dois imperialismos, não é uma guerra interimperialista. Citar para aqui em sua defesa os textos e posições do Lenine da Primeira Guerra Mundial, é perfeitamente livresco, dogmático e descabido. Esta guerra foi provocada pela NATO (EUA e governos da UE) para arruinar a economia da Rússia e, por consequência, arruinar os planos da Grande Rota da Seda (devemos acrescentar - até à exaustão dos argumentos - os planos para o Médio Oriente, norte de África, e toda a panóplia de países asiáticos e muçulmanos que rodeiam a federação Russa e que pertenciam à extinta URSS, etc, etc.). A Rússia é governada por um Estado capitalista que possui grandes empresas estratégicas, possui reserva imensas de gás e petróleo, minerais raros, etc., cujo crescimento económico e financeiro e cuja industrialização poderosa ameaçavam os interesses de potências que se desindustrializaram e viram reduzidos o tráfego de commodities, desequilíbrios graves na balança comercial e fatores de geopolítica. Neste sentido é uma guerra de potências imperialistas contra uma potência emergente capitalista no interior da competição capitalista. A intervenção militar da Rússia, seja embora o governo capitalista e competitivo, teve o apoio da esmagadora maioria do povo russo (e não russo) e o presidente V. Putin foi aprovado livremente. Pelo povo de que costumamos falar muito. Pelo povo ou povos que queriam resolver os seus problemas internos (passaram a usufruir de benefícios sociais que os trabalhadores norte-americanos jamais alcançaram!) e livremente sem um ataque militar que se preparava numa das suas fronteiras, sem as notícias diárias das mortes dos ucranianos-russos do leste), sem comunistas a serem presos e torturados, sem ogivas nucleares apontadas para as suas cidades! O que fariam os gregos ? esse povo que nos deu tantos heróis! Devemos, por isso, aplaudir uma invasão de grande escala e as suas consequências? Não, obviamente! Mas a história não é um teatrinho de anjinhos para meninos verem.

  Manifestam incompreensão radical por uma questão que merece muito estudo e muita reflexão desapaixonada, sem dogmatismos : a Questão chinesa! O Estado da República Popular da China chefiado por um Partido Comunista!

  Possui a China elementos socialistas na sua governação? Se existem como conseguem coexistir com o mercado? E com os multimilionários chineses?

  Não foi a existência de um mercado na URSS que a matou : foi a existência de um mercado privado paralelo não regulado pelo planeamento central ; foi um inepto, estagnado e corrupto planeamento central. 

  A China passou por várias fases que não prestigiam o socialismo revolucionário ; que devem ser estudados mas não louvados e repetidos seja onde for. Assim, de modo semelhante, o período de governação de Estaline deve ser compreendido na unidade de múltiplos obstáculos externos e internos, mas não deve ser louvado e menos ainda repetido.

  Não existe um marxismo puro e autêntico, exceto na cabeça de místicos. O que Marx moldou não foi mais uma utopia, mas o método do materialismo dialético. A vida real é dialética. Não devemos congelar a estratégia numa tática, nem abandonar a estratégia congelando a tática.

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