Lumumba, 56 anos depois
terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Lumumba, militante independentista, foi um dos líderes de um poderoso movimento que em 1960 não apenas conquista a independência do Congo relativamente à monarquia belga, como chegou ao poder por via eleitoral. Nomeado primeiro-ministro do governo congolês em Junho de 1960, Lumumba revelou uma grandeza de espírito que fez soar as campainhas de alarme em Washington. Em Setembro é demitido das suas funções pelo presidente Joseph Kasa-Vubu, seguindo-se um conflito político-institucional que Mobutu resolve com o golpe militar dirigido à distância pelos norte-americanos. O ditador fascista renomeará anos depois o país como Zaire, até ser abandonado pelos seus protectores em meados dos anos 90, num processo que envolveu - como nos anos 60, de resto - poderosos interesses em torno das riquezas minerais do Congo. Pelo caminho produziu uma impressionante folha de serviços, interna e externa, que o colocam no pódio dos mais brutais ditadores africanos do século XX.
A memória de Lumumba perdura não apenas no coração de África mas também no seio dos homens e mulheres que conhecem a dimensão da curta janela de esperança que a sua chegada ao poder abriu para um continente dizimado pela exploração, o colonialismo, a guerra, o racismo e pela disputa sangrenta dos seus imensos recursos naturais.
A execução de Lumumba, envolvendo directa ou indirectamente belgas e norte-americanos, é um episódio paradigmático da natureza neo-colonial que a relação das ex-potências ocupantes assumiram desde cedo face aos territórios independentes. Governos progressistas e firmemente independentistas foram sucessivamente confrontados por forças internas financiadas, armadas e diplomaticamente apoiadas pelo chamado "ocidente", que nunca hesitou em lançar contra os povos de África as mais tenebrosas forças políticas-militares. Tal como hoje acontece relativamente aos povos do Médio Oriente, e da Síria em particular.
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