1. Em política, normalmente estratégia tem o significado de objectivo final, programático; por exemplo: uma sociedade socialista como antecâmara preparatória da sociedade comunista. Contudo, pode significar, em determinadas opções programáticas, uma sociedade moderna e avançada, um regime democrático (bem mais democrático) social, com governos das esquerdas (alianças ou coligações), em que a palavra "esquerda" esteja na prática, nas políticas a favor das massas trabalhadoras, com a participação efectiva e permanente destas (através de seus delegados), em que o capital esteja presente na economia mas sem poder exercer a dominação em qualquer esfera, e outras características profunda e realmente reformistas. Tal regime, descrito assim, não é menos social-democrata do que eram os projectos da social-democracia, no ponto de vista exclusivamente programático e teórico (na prática, a história é outra) em tempos antigos.
Por táctica entende-se os modos como se pretende alcançar a estratégia (propor ou aceitar coligações eleitorais ou pós-eleitorais para constituir governos, acordos parlamentares, agir por meio de greves gerais e manifestações públicas maciças, etc.).
2. As tácticas podem alterar-se de um momento para o outro, dependendo de decisões de agrupamentos políticos ou dos dirigentes que entendem que as circunstâncias se alteraram e que o objectivo central estratégico pode ficar dificultado mantendo-se a mesma táctica. Dificultado significa nomeadamente a perda real e iminente de importantes posições políticas.
3. Quando uma determinada táctica se mostrou inteiramente correcta numa determinada fase histórica, pontual e temporal, não significa necessariamente que continue a sê-lo quando se verifica grave perda de forças e posições políticas.
4. Já o escrevi neste meu blogue: tanto nos podemos servir de exemplos históricos a favor de alianças, coligações, aproximação de posições, com os chamados partidos socialistas ou social-democratas (refira-se o nome aqui, não a prática), e exemplificamos com o Governo de Salvador Allende no Chile, O governo de Chavez na Venezuela, etc., como podemos recorrer facilmente a exemplos negativos que pretendem afastar coligações e outros acordos, e exemplificamos com o "Programa Comum" na França do século passado. Qualquer exemplo é concreto, não deve ser convertido em "tendência" e muito menos "lei". Isto é: o caso do Chile foi uma situação nacional muito própria; no caso francês tínhamos a hegemonia a Ocidente do chamado "eurocomunismo" (deriva dos PCs para a social-democracia).
Nozes Pires
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