Opinião científica atual sobre as mudanças climáticas
O gráfico mostra a evolução da temperatura média global de 1880 até 2013. A Terra está inequivocamente aquecendo.
A
opinião científica atual sobre as mudanças climáticas é de que o nosso sistema climático está inequivocamente
aquecendo e que essa mudança é, com mais de 97% de certeza, causada por atividades humanas que aumentam as concentrações de
gases estufa na
atmosfera, tais como
desflorestamento e queima de
combustíveis fósseis. Esse
consenso
científico é expresso em relatórios de síntese, instituições
científicas de relevo nacional ou internacional e pesquisas de opinião
entre cientistas do clima. Cientistas individuais, universidades e
laboratórios contribuem para a opinião científica geral através de suas
publicações
revisadas por pares, e as áreas de consenso coletivo e certeza relativa estão sumarizadas nesses relatórios de alto nível.
Opinião histórica e a situação atual
O conhecimento sobre o
aquecimento global começou a ser formado no início do século XIX com os estudos de
Joseph Fourier
sobre a transmissão do calor. Seus cálculos mostravam que a Terra devia
ser mais fria do que é, considerando a quantidade de calor recebida do
Sol. Fourier não pôde descobrir a causa, mas imaginou que os gases da
atmosfera poderiam reter parte do calor recebido, funcionando como uma
estufa, e por isso em geral se credita a ele a descoberta do
efeito estufa, o mecanismo responsável pela elevação das temperaturas.
[1]
O efeito estufa é um processo natural, e dele dependem a estabilidade
do clima do planeta e a moderação das suas variações extremas. Contudo, o
clima é o resultado de um delicado equilíbrio entre agentes variados,
equilíbrio este que pode ser quebrado, induzindo a
mudanças climáticas. Níveis estáveis de certos gases atmosféricos, os chamados
gases estufa, são fundamentais para a preservação de um clima também estável, mas desde o início da
Revolução Industrial a humanidade vem produzindo uma imensa quantidade de
poluentes em suas atividades agrárias, industriais, no transporte, na alimentação, etc. Entre eles destacam-se o
gás carbônico e o
metano, que são os principais gases estufa de origem humana, com outros em proporções menores, como o
óxido nitroso e os
perfluorcarbonetos. As principais causas diretas da elevação são a queima de
combustíveis fósseis,
desmatamento, processos industriais e agropecuários, descarte inadequado de resíduos orgânicos e
desperdício de alimentos.
A partir do século XX as emissões aumentaram dramaticamente. A elevação
da concentração desses gases na atmosfera desencadeia reações em escala
planetária, retendo calor e modificando virtualmente todos os sistemas
físicos, químicos e biológicos da Terra, incluindo o clima.
[2][3]
O clima comanda o ritmo e a duração das
estações, influi nos
ecossistemas, e toda a rica
biodiversidade
que se conhece a florescer hoje está inescapavelmente atada a estreitos
parâmetros climáticos. As espécies podem se adaptar a grandes variações
de temperatura ao longo do ano, mas na maior parte dos casos os
sistemas biológicos não estão preparados para resistir a grandes
variações na
média da temperatura, ou seja, na prática, se todos
os dias do ano (ou a maior parte deles) forem um pouco mais quentes que o
normal, e se essa progressão continuar indefinidamente.
[2][3]
Mudança
na quantidade de gelo flutuante no oceano Ártico. Na imagem de cima, a
situação em 2012, e na imagem de baixo, como era em 1984.
As reações químicas são aceleradas com a elevação das temperaturas. A
maior parte dos seres vivos não regula sua temperatura corpórea e mais
ou menos acompanha os níveis do ambiente. Isso não é tudo. Os gases
estufa do ar impregnam os oceanos e
acentuam sua acidez, além de contribuírem para uma
maior desoxigenação. O calor maior interfere no ciclo das chuvas e na oferta de água;
faz os gelos derreterem modificando
ecossistemas e reduzindo o
albedo terrestre;
faz o oceano aquecer e
aumentar de volume; altera as
correntes marinhas e a
estratificação da coluna de água; derrete os
solos congelados;
aumenta o nível de umidade no ar e reduz a umidade do solo; modifica
balanços energéticos e ciclos bioquímicos; intensifica tempestades e
desastres ambientais, e introduz uma infinita série de outras
modificações nos sistemas da Terra, que reagem entre si amplificando os
efeitos e desencadeando novas causas. Mudanças progressivas no ambiente
físico, assim, introduzem desarranjos progressivos na biologia e no
equilíbrio entre as espécies, e isso se reproduz em cascata ao longo de
toda a
árvore da vida.
Se as mudanças são tão rápidas como as que estão acontecendo, e se essa
mudança se aprofundar significativamente mais, como está sendo previsto
pelo consenso científico, a grande maioria dos seres não poderá evoluir
modificando sua biologia a tempo de acompanhar a mudança dos sistemas
físicos onde vive, terá sérios problemas para encontrar alimento e se
reproduzir, ficará mais propensa a doenças e malformações, não terá para
onde escapar, e o inevitável será uma
extinção em massa.
Pode-se facilmente imaginar a repercussão catastrófica de um evento
desta natureza e com tais consequências sobre a espécie humana, as
sociedades e a civilização, já que da natureza o homem depende em todos
os níveis e todos os dias de sua existência. De fato, uma quantidade de
problemas sérios já está aparecendo na economia, na política, no
abastecimento e na segurança social, entre outras áreas. Não é provável
que qualquer área da sociedade ou qualquer região do planeta venha a ser
poupada de significativas, múltiplas e crescentes dificuldades se as
tendências permanecerem inalteradas, embora a distribuição dos impactos
possa ser bem desigual.
[2][3]
Este é, sinteticamente, o conhecimento atual sobre os efeitos das
mudanças climáticas sobre a natureza e o homem. A compreensão teórica
de que tudo isso poderia ser um produto da elevação dos gases estufa,
que o homem seria o grande responsável por essa elevação e por um
potencial desarranjo ambiental em tal nível que ameaçaria sua própria
sobrevivência, demorou para ocorrer, e a certeza factual demoraria ainda
mais para se consolidar. Depois de Fourier vieram outros cientistas,
como
John Tyndall e
Svante Arrhenius, que delimitaram melhor o campo, mas foi
Guy Stewart Callendar
o primeiro, na década de 1930, a medir objetivamente um aumento real na
temperatura média da Terra ocorrido nos cinquenta anos anteriores.
Mesmo com esses dados, sua teoria recebeu pouco crédito, como havia
acontecido com seus precursores. Era um campo praticamente inexplorado
pela ciência, os dados eram poucos, o instrumental era precário, e havia
muita incerteza sobre tudo, e assim o assunto permaneceu dormente até
os anos 1950, quando muitos dados relacionados ao clima foram coligidos
em observações e experimentos militares. Como resultado disso, já
começava se pensar seriamente que a elevação do gás carbônico poderia se
tornar perigosa no futuro, com o crescimento da produção industrial.
[1]
Nos anos 1970 sinais do aquecimento começavam a se tornar bem visíveis, como a
retração das geleiras
e a modificação das estações. Os estudos começavam a se multiplicar
rapidamente, fazendo um sem-número de medições recentes e históricas da
temperatura e de outros indicadores de variação climática e ambiental,
aperfeiçoando metodologias e equipamentos, desenvolvendo modelos
teóricos do clima mais consistentes e descobrindo os efeitos das
mudanças recentes sobre a natureza e a sociedade. Ao mesmo tempo, as
perspectivas futuras de um aquecimento significativo começavam a ganhar
contornos inquietantes.
[1]
Elevação do nível médio dos oceanos entre 1880 e 2000.
Perda de terra firme na costa da Louisiana entre 1932 e 2011 pela subida do nível do mar.
No fim da década de 1980 já começava a se formar um amplo consenso de
que o aquecimento global existe, tem origem humana, e que terá
repercussões gravíssimas se suas causas não forem combatidas rápida e
agressivamente, consolidando a harmonia entre o corpo de dados medidos e
a base teórica, descartando paulatinamente todas as dúvidas sobre os
aspectos centrais do problema, e confirmando as linhas gerais do que os
precursores haviam postulado. Em 1988 foi criado o
IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), sob a chancela da
Organização Meteorológica Mundial e o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
que passou a publicar a partir de 1990 grandes relatórios periódicos,
onde apresenta o conhecimento de ponta sobre o aquecimento. Os
relatórios IPCC mobilizam milhares dos melhores climatologistas e
geocientistas em atividade, dedicados a revisar e sintetizar a melhor
bibliografia científica disponível.
[1][2][3]
Desde então os estudos não cessaram de se multiplicar, sendo um
dos temas mais pesquisados atualmente, e a tendência evidente é o
crescente reforço do consenso que emergia já nos anos 1980. Hoje o
consenso científico ronda em torno de 97-98%.
[4]
Vários estudos já foram realizados avaliando exatamente a existência ou
não de um consenso sobre a origem humana do aquecimento, e desde os
primeiros a posição de consenso foi estabelecida. Estudos recentes, de
recorte temporal limitado, indicam uma proporção consensual ainda maior,
que ultrapassa os 99,99%.
[5][6][7]
O National Physical Sciences Consortium analisou mais de 24 mil
trabalhos publicados entre 2013 e 2014, produzidos por um total de
69.406 pesquisadores. De todos eles, apenas quatro pesquisadores
rejeitaram a origem humana.
[7]
O IPCC se estabeleceu como o principal porta-voz do consenso
científico e como a maior autoridade mundial sobre o aquecimento global,
e suas principais conclusões são as seguintes:
[2]
- O aquecimento da Terra é inequívoco.
- A influência humana sobre o clima é clara.
- A concentração de gases estufa na atmosfera está se elevando.
- As temperaturas da superfície subiram em média 0,85 °C (variação de 0,65 a 1,06 °C) de 1880 até 2012.
- Cada uma das três últimas décadas superou a anterior nos níveis de temperatura.
- Os oceanos estão estocando mais de 90% da energia do sistema do
clima e muito gás carbônico. No entanto, à medida que o oceano aquece,
ele perde capacidade de absorver gás carbônico, o que pode acelerar os
efeitos atmosféricos quando ele atingir a saturação. Os oceanos
continuarão a se acidificar e aquecer ao longo do século XXI e mesmo
além.
- O nível do mar aumentou em cerca de 19 cm entre 1901 e 2010 devido à expansão térmica das águas. A elevação pode chegar a mais de 80 cm até 2100. É certo que o nível do mar vai continuar subindo depois de 2100.
- Haverá impactos significativos sobre a natureza e a sociedade.
Alguns impactos já foram estabelecidos no presente, como um aumento na
tendência de secas e enchentes. Se as emissões de gases continuarem
altas e o aquecimento permanecer progredindo, os impactos podem ser
cumulativos e catastróficos. Estima-se que a temperatura média possa se
elevar até a 4,8 °C até 2100.
- Para evitar os cenários mais pessimistas a redução nas emissões deve ser grande.
- Algumas importantes modificações nos sistemas da Terra serão
irreversíveis por muitos séculos mesmo se as emissões cessarem agora.
- As decisões tomadas nas próximas duas ou três décadas terão efeitos decisivos e de longo prazo.
Em suma, os impactos do aquecimento global serão significantemente
negativos. Nenhuma instituição científica de reconhecimento nacional ou
internacional mantém uma opinião dissidente.
[8]
Os relatórios do IPCC já trouxeram erros, que foram reconhecidos e
corrigidos em edições posteriores. Deve ficar claro que o conhecimento
sobre o clima, se bem que vasto, é incompleto, sendo um ramo da ciência
em permanente expansão e aperfeiçoamento. Apesar da sólida reputação do
IPCC, cresce o número de estudos indicando que em vários aspectos suas
projeções são conservadoras e que a situação, já preocupante nos
relatórios publicados, é ainda mais grave e urgente.
[9][10][11][12][13][14]
O IPCC acompanha essa nova bibliografia e, se considera suas conclusões
consistentes, acaba incorporando o novo conhecimento nos sucessivos
relatórios, e isso é parte do
método científico. Essa produção científica incessante se manifesta na gradual modificação e refinamento das conclusões dos relatórios,
[15][1][2]
sendo um bom exemplo do resultado dessa reavaliação permanente do campo
o crescente nível de certeza sobre a participação humana exibido ao
longo dos cinco relatórios publicados até 2017.
[2]
Relatórios de síntese
Relatórios
de síntese são avaliações da literatura científica que compilam os
resultados de uma série de estudos isolados tendo por fito alcançar um
amplo nível de entendimento ou descrever o estado do conhecimento de um
determinado assunto.
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
Entre 2013 e 2014 o
IPCC disponibilizou seu
Quinto Relatório,
uma série que iniciou em 1990. O trabalho mais recente confirmou com
ainda maior certeza que o homem é o responsável pelo atual aquecimento
do planeta, e alertou que os perigos da inação se tornaram mais graves. O
IPCC não produz pesquisa original, mas reúne e resume o conhecimento
produzido por cientistas de alto nível de todo o mundo.
[2][3]
É um consenso que o IPCC representa a maior autoridade mundial a
respeito do aquecimento global, e tem sido a principal base para o
estabelecimento de políticas climáticas mundiais e nacionais.
[16][1]
Muitas outras importantes sínteses científicas internacionais também
aceitaram as conclusões do IPCC, entre elas a Avaliação Ecossistêmica do
Milênio da ONU, a série Global Environment Outlook, do PNUMA, e o Vital
Forest Graphics do PNUMA`/ FAO / UNFF, escritos e revisados por
milhares de especialistas.
[17][18][19] Pelo valor da sua contribuição à sociedade o IPCC recebeu em 2007 o
Prêmio Nobel da Paz.
[20]
O Quinto Relatório foi elaborado por 830 autores principais, com a
ajuda de mais de mil assistentes. No processo de revisões participaram
mais mil especialistas, que forneceram cerca de 140 mil comentários e
revisões ao texto.
[21]
U.S. Global Change Research Program
O U.S. Global Change Research Program (Programa Norte-americano de Pesquisa sobre Mudança Climática) relatou em junho de 2009
[22] que:
Observações
demonstram que o aquecimento do clima é inequívoco. O aquecimento
global observado nos últimos 50 anos é devido, sobretudo, à emissão de
gases estufa produzidos pela ação humana. Essas emissões são oriundas,
principalmente, da queima de combustíveis fósseis (
carvão,
petróleo e gás) e são agravadas pelo desflorestamento, por práticas agricultoras e outras atividades.
O relatório, que trata dos efeitos da mudança climática nos Estados Unidos, também diz:
Mudanças de natureza climática já foram observadas globalmente e nos
Estados Unidos.
Tais mudanças incluem aumento na temperatura do ar e da água, redução
dos dias de geada, aumento na frequência e intensidade de chuvas
pesadas, aumento no nível do mar, redução na cobertura de neve,
geleiras,
pergelissolos
e gelo do mar. Um período mais longo sem gelo nos lagos e rios,
alongamento de outras estações, e aumento de vapor de água na atmosfera
também foram observados. Nos últimos 30 anos, as temperaturas subiram
mais rápido que em qualquer outro período, com as temperaturas médias de
inverno nas grandes planícies tendo subido mais de 7°F. Algumas das
mudanças ocorreram mais rápido do que as avaliações anteriores sugeriam.
Arctic Climate Impact Assessment
Em
2004, a instituição intergovernamental Arctic Council e a ONG Arctic
Science Committee publicaram um relatório de síntese do Arctic Climate
Impact Assessment:
As
condições climáticas no passado fornecem evidência de que os crescentes
níveis de dióxido de carbono na atmosfera estão associados ao aumento
das temperaturas globais. As atividades huamans, sobretudo de queima de
combustíveis fósseios (carvão, petróleo e gás natural) e secundariamente
o desflorestamento, aumentaram a concentração de dióxido de carbono,
metano, e outros gases estuda na
atmosfera...
Há um consenso científico internacional de que a maioria do aquecimento
observado nos últimos 50 anos é passível de ser atribuído às atividades
humanas.
[23]
Declarações de organizações
Desde
a década de 1990 muitas academias de ciência nacionais, internacionais e
independentes se uniram para publicar declarações confirmando a
existência de um aquecimento global antropogênico, e urgindo as nações
do mundo a reduzir as emissões gases estufa. Abaixo são citados alguns
dos documentos principais.
Em 2001, após as publicações do Terceiro Relatório de Avaliação
do IPCC, 17 academias nacionais de ciência publicaram uma declaração em
conjunto intitulada
The Science of Climate Change (A Ciência da
Mudança Climática), explicitamente reconhecendo a posição do IPCC como
representativa de um consenso científico. A declaração, impressa em um
editorial no jornal
Science
de 18 de maio de 2001, foi assinada por academias de ciência da
Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Caribe, China, França, Alemanha,
Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Malásia, Nova Zelândia, Suécia,
Turquia e do Reino Unido.
[24]
Em 2005 as academias nacionais do Brasil, França, Canadá, China,
Índia, Japão, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido e mais três academias
independentes corroboraram as declarações do IPCC e demandaram: que os
líderes mundiais reconheçam a realidade e a gravidade do aquecimento;
que os países ricos desenvolvam programas mais ambiciosos de combate ao
problema, considerando a sua maior participação no total das emissões, e
que eles ajudem os países desfavorecidos nessa luta que deve ser de
todos.
[25]
Em 2007 a Network of African Science Academies (Rede de Academias
Africanas de Ciência) produziu um documento se alinhando ao consenso
internacional e parabenizando o IPCC por ter trazido o assunto ao
conhecimento do público, fazendo-o compreender a ligação entre
eficiência energética, sustentabilidade e mudança climática.
[26] Let's Be Honest
(Vamos Ser Honestos) foi o título escolhido para o documento de 2007 da
Academia Europeia de Ciência e Artes, pedindo que o perigo da ameaça
climática fosse reconhecido.
[27] No mesmo ano a União Internacional de Geodesia e Geofísica publicou o documento
The Urgency of Addressing Climate Change
(A Urgência no Enfrentamento da Mudança Climática), reconhecendo a
autoridade do IPCC e alertando para os perigos futuros se a ameaça não
for combatida. Também recomendou que o esforço seja coordenado em nível
internacional para que o sucesso seja alcançado.
[28]
Antes das negociações que ocorreriam durante o
COP 15 em
Copenhague em dezembro de 2009, as academias nacionais de ciência das nações
G8+5
publicaram uma Declaração Conjunta dizendo que "a mudança climática e o
uso de fontes de energia renováveis são desafios cruciais para o futuro
da humanidade. É essencial que os líderes mundiais concordem a respeito
da redução de emissões necessária para combater as consequências
negativas da mudança climática antropogênica". A declaração cita o
Quarto Relatório do IPCC de 2007, e afirma que "a mudança climática está
ocorrendo ainda mais rápido do que antes era estimado; as emissões
globais de CO2 desde 2000 foram mais altas do que mesmo as mais altas
previsões, o gelo do ártico tem derretido de forma muito mais rápida do
que era projetado, e o aumento no
nível do mar se tornou mais rápido".
[29]
Também publicaram declarações independentes confirmando o consenso a
Organização Mundial de Saúde,
[30] a Academia Polonesa de Ciências,
[31] a Associação Americana para o Progresso da Ciência,
[32] a Federação das Sociedades Australianas de Ciência e Tecnologia,
[33] o
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas,
[34] a União Americana de Geofísica,
[35] a União Europeia de Geociências,
[36] a Sociedade Americana de Química,
[37] o Instituto Australiano de Física,
[38] a Sociedade Americana de Física,
[39] o Instituto Americano de Física,
[40] o Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos,
[41] a Real Sociedade da Nova Zelândia,
[42] a
Real Sociedade do Reino Unido[43] e muitas outras instituições nacionais e internacionais.
A questão do negacionismo climático
Apesar do esmagador consenso científico em torno do aquecimento
global, existem vozes influentes que negam a ciência. O negacionismo
ocorre em muitos países, mas especialmente nos Estados Unidos e no Reino
Unido, onde é promovido por um pequeno mas poderoso
lobby,
principalmente organizado pela indústria dos combustíveis fósseis. As
principais razões para a negação do consenso ou de partes da ciência do
clima são os pensamentos de que o combate ao aquecimento e a mudança
para um modelo sustentável ou serão custosos demais ou ineficazes, ou
que de alguma forma ameaçam a
liberdade individual, a
soberania das nações, a
propriedade privada, o
livre mercado e/ou a
acumulação de capital.
O negacionismo climático tem sido considerado uma grave ameaça ao bem
comum e ao futuro das gerações e tem sido extensivamente associado a
grupos conservadores e ultraconservadores, ideologias fundamentalistas,
preconceitos de classe, desonestidade intelectual e atividades criminais
ou obscuras.
[44][45][46][47][48][49]
Através de pressões nos bastidores do poder e de ruidosas
campanhas públicas, o lobby ataca a ciência e confunde a opinião
pública, tem conseguido expressivas vitórias administrativas e
legislativas onde o negacionismo tem forte penetração popular,
[50][51][52][45] e produziu a retirada dos Estados Unidos do
Acordo de Paris. Por causa do negacionismo institucionalizado, os EUA já não haviam assinado o
Protocolo de Quioto, embora o governo de
Barack Obama
tenha conseguido uma reversão temporária nas tendências oficiais. Mesmo
assim, sob cerrada controvérsia doméstica. A posição dominante que o
país detém na cena mundial afeta a maneira como o combate ao aquecimento
tem evoluído.
[53][54] No Brasil, com uma cultura diferente e sem um lobby do petróleo de força comparável, seu lugar foi ocupado pelos
ruralistas e pelo
agronegócio, já que no país a principal fonte de gases estufa é o desmatamento para a ampliação da frente agropecuária.
[55][56][57][58]
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