Nos anos 1980 e 1990, explodiu um
gigantesco debate sobre o fim da classe trabalhadora, o fim do trabalho,
o advento da sociedade informal, da sociedade pós-industrial etc.
Dentre os vários e vários desdobramentos dessa discussão se encontra a
ideia de que embora a classe operária continue tendo centralidade no
processo de produção do valor, é na esfera da reprodução social que as
contradições sociais se expressam de forma mais explosiva, e que
portanto é lá que a esquerda deveria concentrar seu foco organizacional.
Essa “grande novidade” teórica ganhou ainda mais visibilidade depois
dos protestos de junho de 2013, em que a qualidade dos serviços públicos
urbanos foi a causa principal de uma das maiores manifestações de massa
na história do país.
Bem, infelizmente, a maioria das pessoas
não sabe que, para a história dos comunistas do Brasil, isso não é a
menor novidade. A compreensão de que o trabalho comunitário na luta por
moradia, água, creche, educação, contra o aumento do custo de vida é a
primeira e mais eficiente via de estabelecer uma sólida base popular e, a
partir daí, potencializar o trabalho sindical é uma tradição na
história das organizações de esquerda do país. A atuação nas
“contradições da reprodução social” como estratégia de enraizamento
social e confrontação com o capital para além do ambiente da fábrica é
uma novidade que o PCB percebeu com maestria nos anos 1940, 1950, 1960… e
o PT e PDT nos anos 1980.»
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