Macron confessa-se ou as angústias da burguesia francesa
Em 27 de agosto o
sr Macron proferiu um discurso perante os embaixadores franceses, que
entra na lista das “coisas que eles – os media – (não) dizem”. O longo
discurso faz praticamente o pleno sobre política internacional,
económica, soberania, NATO, UE, interesses da França em África e no
Médio Oriente, etc.
Via: FOICEBOOK http://bit.ly/32N3efd
É significativo que Macron, que tem demonstrado ser uma nulidade intelectual e política, de repente fale:
–
de que ocorre “uma transformação, uma recomposição geopolítica e
estratégica. Provavelmente, estamos enfrentando o fim da hegemonia
ocidental no mundo.”
–
dos “erros dos ocidentais em certas crises, pelas escolhas, também
americanas durante vários anos e que não começaram com esse governo, mas
que nos levaram a rever algumas implicações em conflitos no Médio
Oriente e em outros lugares, e a repensar uma estratégia profunda,
diplomática e militar, e às vezes elementos de solidariedade que
julgávamos intangíveis mas que hoje mudaram.
–
do “surgimento de novos poderes, cujo impacto provavelmente
subestimamos há muito tempo. A China na vanguarda, mas também a
estratégia que a Rússia liderou, é preciso dizer, nos últimos anos com
mais sucesso.
–
que a “Índia, Rússia e China, têm uma inspiração política muito mais
forte do que os europeus de hoje. Eles pensam que o mundo tem uma lógica
real, uma filosofia verdadeira, um imaginário que perdemos um pouco.”
Macron
refere o insucesso relativo do G7. Um mundo onde os conflitos se
multiplicam. “uma ordem em que nossa segurança e organização se baseia e
está desaparecendo.” Os tratados de controle de armas, que também
vinham do fim da Guerra Fria, estão sendo abandonados. Macron
distancia-se claramente dos EUA, na questão do Irão, das relações com a
Rússia, do fim do tratado INF (misseis de médio alcance) “porque os
mísseis retornariam sobre o nosso território.”
É
necessário apreciar os contextos deste discurso, que reflete as
preocupações da burguesia francesa e por certo alemã. A França está em
estagnação deste a adoção do euro. Que surpresa! De 2000 a 2018 o
crescimento médio anual foi inferior a 1,3%, mas de 2008 a 2018 apenas
0, 86%. A BC de bens, positiva antes de 2000, atingiu em 2018 um défice
de 76,7 mil milhões de euros! (dados AMECO) Acrescente-se o atraso
tecnológico da França face a parceiros e “inimigos”. Além disto a
agitação social, o descrédito total dos políticos do sistema, a ascensão
da direita chauvinista e antiliberal, o descrédito da UE, coloca a
burguesia, não só francesa, no “fio da navalha”.
Macron
é o porta-voz de serviço da oligarquia francesa, portanto o que diz
reflete as “angústias” pelos fracassos imperialistas e neocoloniais, até
no campo militar: o Ocidente não consegue ganhar nenhuma das guerras em
que se envolveu: criou caos, endividou-se, liquidou comércio necessário
para contrariar a tendencial queda da taxa de lucro.
Tanto
nos aspetos de política internacional, como nas relações de soberania,
migrações, controlo de fronteiras, críticas à “economia de mercado” e à
UE, o que encontramos repete o programa da sra. Marine le Pen, e do seu protofascismo! Mas “o fascismo não é o contrário da democracia burguesa é a sua evolução em tempos de crise” (B. Brecht)
Portanto não
surpreende que a burguesia francesa mande Macron roubar o programa da le
Pen, È que Macron é um homem que a oligarquia escolheu e controla,
coisa que não têm por garantido com Marine le Pen!
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