
O PS, que tinha ganho as eleições e, consequentemente, eleito o respetivo presidente da Junta, negociou
com a CDU um
acordo para a composição da Junta de Freguesia (que é eleita pela
Assembleia). E assim aconteceu, com uma Junta constituída por elementos
do PS
e da CDU, cada um com o seu pelouro, e que governou de uma forma
globalmente positiva até 2005.
Nas
eleições que se realizaram nesse ano, e onde naturalmente o PS e a CDU
concorreram com listas próprias,
no domingo à noite, após a contagem dos votos constatou-se que, mais
uma vez, o PS ganhava as eleições sem maioria absoluta. Rapidamente
entraram em contacto coma CDU com uma conversa do tipo: "Camaradas, o
nosso acordo durante estes quatro anos correu bem,
pelo que o devemos reeditar para os próximos quatro anos". Pela parte
da CDU houve acordo relativamente a essa proposta, pelo que se pensava
que assim iria acontecer. No entanto, na recontagem dos votos que
normalmente se faz constatou-se que, afinal, o PS
tinha a maioria absoluta (não me recordo as razões mas, habitualmente,
estas alterações devem-se a votos mal classificados - ou porque são
considerados nulos e depois declarados válidos ou porque contabilizados
no partido errado).
Aí a conversa mudou. O PS deixou de contactar os "camaradas" da CDU e, apesar da experiência "positiva"
do mandato anterior, achou por bem constituir uma Junta de Freguesia monocolor apenas com eleitos socialistas.
Esta
experiência, que apesar de anedótica é autêntica, mostra bem o que está
em jogo nas próximas eleições
legislativas. Bem sei que, a nível nacional, e ao contrário do que
acontece nas freguesias, não houve acordos de governação nem houve
"governantes" de outros partidos que não do PS.
Mas,
no fundo, e apesar das "falinhas mansas" que António Costa tem adotado
nos últimos tempos (dizendo
que independentemente dos resultados vai dialogar muito e que as
políticas seguidas nos últimos anos são para prosseguir), todos sabemos
que, caso o PS tenha maioria absoluta, o disco mudará e o PS fará o que
sempre fez (à exceção desta legislatura e mesmo
aí com "recaídas"...), ou seja, governar à Direita. Por isso é sem
admiração que vemos, por exemplo, o patrão dos patrões a afirmar que
prefere um Governo de maioria absoluta do PS ou que vemos Rui Rio,
desesperado, a tentar inverter a tendência de voto "útil"
de eleitores do PSD no PS - porque estes, sabendo que o seu partido não
ganha, preferem uma maioria absoluta do PS do que o deixar condicionado
à Esquerda...... E, se a Direita vota útil no PS, aos eleitores de
Esquerda só lhes resta votarem útil nas forças
à sua esquerda …*Engenheiro
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