«Mas na Turim daquela época não havia tempo a perder e as dúvidas existenciais ficavam em segundo plano para Gramsci. Era um trabalhador incansável que se dedicava integralmente à classe operária. Trabalhar com os operários das fábricas de Turim não era fácil, porque Gramsci (ao contrário de muitos intelectuais da época e de hoje) não pensava nos trabalhadores como sujeitos passivos. Como explicou o professor e jornalista Umberto Calosso durante uma sessão da Assembleia Constituinte de 1947, para Gramsci a classe operária era a “aristocracia do gênero humano” e assim deveria ser tratada.
A relação entre os intelectuais e as massas deveria, sim, ser “educativa”, mas o ensino e a cultura deveriam movimentar-se em ambas as direções: dos trabalhadores aos intelectuais e vice versa, para construir uma real pedagogia política de massa. Para Gramsci não “se ia” até a classe operária, não “se descia” até os trabalhadores para espalhar a palavra, mas se “subia até a classe operária”. A perspectiva era, portanto, revertida para o início. As palavras de Giuseppe Ceresa (aluno de Gramsci na prisão) explicam porque ele era visto como um intelectual diferente dos outros:
“Perto dele não sentíamos aquele peso, aquela distância que quase sempre coloca um operário em alerta de que a conversa é com um intelectual. Ele não nos tratava ou considerava como simples instrumentos materiais da revolta social, incapazes de protagonizar de forma consciente a revolução”
(...)» in Jacobin, texto citado
Sem comentários:
Enviar um comentário