As causas e razões principais que podem explicar a reorganização (política e ideológica) das forças da Direita com a entrada em cena da extrema-direita, já têm sido publicadas por alguns bons analistas. Causas sociais muito principalmente.
De acordo. Contudo, devemos acrescentar este dado que esquecemos ontem e hoje inadvertidamente: em Portugal nunca foi denunciada a ditadura fascista de Salazar-Caetano pelos partidos institucionais numa acção concertada de longa duração. Pelo contrário, agentes assassinos da PIDE foram reabilitados e condecorados, a guerra colonial assassina foi esquecida oficialmente, as misérias de antigamente resolvidas em parte (com novas misérias) e não se fala no passado...
A Revolução foi demonizada pela Direita e o PS não se incomodou muito lá por isso. Mário Soares alguns anos antes de falecer percebeu bem que o neoliberalismo à portuguesa (sem se arrepender do seu -dele próprio - contributo original nos anos setenta e oitenta ) era muito perigoso para a democracia, mas até a ele não lhe ligaram nenhuma.
O resultado dessa amnésia, dessa ignorância premeditada e construída, está à vista. Há anos o criminoso ditador ganhou a eleição do "mais importante político do século". Isto diz tudo. Devia então alarmar. Mas não alarmou. Apagou-se a memória. Deixou-se conservar nas mentes as mentiras e mistificações forjadas pelo fascismo. O espectro andava por aí a adubar o terreno. As diatribes dos ressentidos e descontentes (com motivos sabemos-lo agora) eram (são) melodia para os ouvidos da Direita ressabiada por perder o poder político em 2015 e descer a pique nas sondagens. Diatribes de café e de redes sociais que cozidas umas às outras davam o tom da música fascista.
Quem tem denunciado os crimes da ditadura e as suas finalidades económico-políticas? Nunca os governos. Mas só os dois partidos que compõem a esquerda. Para o PCP tem sido uma tarefa sagrada, contínua. Quanta luta para impedir a reabilitação do fascismo, esclarecer, denunciar, recordar! Quantos muros de silêncio!
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