Com a destruição da URSS e o triunfo devastador do capitalismo local e internacional, o liquidacionismo dos partidos comunistas e o oportunismo das social-democracias, dos sindicatos e dos Verdes, o mundo do trabalho ficou desarmado e a História andou dois passos atrás.
A nova ordem multipolar que aí se anuncia vem trazer a perda da hegemonia económico-financeira absoluta ( digo absoluta e não relativa, não haja ilusões sobre o poderio estaunidense) dos EUA e do imperialismo "ocidental", mudanças progressistas na América latina e em outros áreas geográficas (Ásia, África), mas não vem trazer socialismos revolucionários a médio prazo. Podem acontecimentos imprevistos precipitarem democracias avançadas, mas não a primeira fase do comunismo conforme desejava o Marx das Críticas ao Programa de Gotha...
As lutas de classes permanecem. Sempre existiram antes de Marx e, dantes, sem partidos de trabalhadores. Porém estes são indispensáveis para que História não mude de impérios para novos impérios. O que foi toda a história do mundo senão mudanças de turnos entre impérios maiores ou menores? Oceanos onde tubarões grandes comem peixes pequenos e conquistadores escravizam os desarmados, os despossuídos?
Há outras lutas que não lutas de classes. Sempre houve. Atualmente estão mais visíveis e ou mais abundantes, o que resulta das transformações económico-sociais do capitalismo tardio. E importa também lembrar que a noção de classe necessita de uma contínua discussão, sem dogmas e compreendendo-se os textos de Marx e do Engels posterior a Marx. E de Gramsci cuja obra bem adequada à Itália do seu tempo servirá ainda para países periféricos da Europa e do mundo restante.
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