As lutas de classes estão no cerne de dos acontecimentos nacionais e mundiais. De alcance meramente particular e de alcance mundial. Sabendo que a dialética demonstra a articulação objetive, e não apenas subjetiva, entre o universal e o particular .
O materialismo histórico-dialético confirma-se ; em todo o acontecimento político e geopolítico está presente o antagonismo das classes. As classes opõem-se de modo antagonista até à derrota de uma delas, ou por modos não destrutivos - contradições secundárias - (sobretudo quando se impõem tréguas ou táticas de alianças da vanguarda das massas trabalhadoras com sectores nacionais da pequena e média-burguesia com o objetivo que os une temporariamente de derrubar uma ditadura).
Nos confrontos violentos dos interesses antagónicos, ou as duas classes se destroem mutuamente ou uma destrói a outra. "Destruir" pode significar derrotar (como exemplarmente sucedeu no Chile, Argentina, Brasil, Portugal). As classes antagonistas são as camadas sociais compostas por trabalhadores-assalariados e por aqueles, muito minoritários, para quem os primeiros trabalham e fornecem a riqueza. Numa greve há um antagonismo entre os interesses em causa, mas não há vontade - geralmente- de uma classe destruir a outra : dos trabalhadores destruírem a(s) empresa/s), bem pelo contrário; nem dos empresários exterminarem os assalariados, pois, sem eles, não há empresa nem lucros.
As lutas de classes podem assumir, pois, diversas formas : mais violentas ou antagonistas, ou menos. Depende das condições objetivas e subjetivas, isto é, da correlação de forças e das lideranças. Podem ser confrontos entre sectores das massas trabalhadoras (e não todas elas: por exemplo trabalhadores consciente atacados por trabalhadores apoiantes do nazi-fascismo, como já sucedeu) e sectores da classe dominante (sectores do Capital e não toda a classe capitalista). Pode suceder que sejam necessárias alianças táticas, temporárias, entre as vanguardas das massas trabalhadoras (as vanguardas significa os mais conscientes de que são uma classe social antagónica) e sectores da classe dominante, quando estes sectores da Burguesia se sentem prejudicados nos seus interesses pelos sectores mais poderosos da sua classe, os neoconservadores como ora se designam nos EUA. A burguesia entreguista e rentista que vive dependente ou acoplada ao capital estrangeiro (nomeadamente norte-americano) nunca é confiável, aliar-se-á sempre ao invasor para conservar os seus privilégios e por motivações ideológicas.
As lutas de classes estão presentes na chamada guerra da Ucrânia (na realidade, guerra lançada pelos EUA e outras potências imperialistas, contra a Rússia, por meio de um elo : a Ucrânia (como já sucedera com a Geórgia). Mas se a Rússia é governada pelo capitalismo onde entra a luta de classes? Entra por via das repúblicas separatistas que acabaram sendo auxiliadas pela Rússia, não por oito anos de mortes e destruições causadas pelo regime de extrema-direita nacionalista e ocidental, mas porque se atacavam as fronteiras e os interesses nacionais da Rússia. Os separatistas, agora russos nacionalizados, eram, em sua maioria, trabalhadores das províncias do Leste industrializadas , com fortes tradições socialistas e implantação comunista. Assim, a Rússia, depois de oito anos de hesitações que revelam as oscilações típicas da burguesia e do capitalismo, desempenha o papel de defensora das massas trabalhadoras numa espécie de protocolo em que estas passaram a fazer parte dos territórios da Federação, isto é, passaram a ser assalariados na Rússia capitalista. Tal não significa que seja uma guerra inter-imperialista. É uma guerra das potências imperialistas (o chamado "Ocidente", ou a NATO) contra uma potência capitalista à qual quiseram saquear as abundantes riquezas e separá-la das alianças com a China socialista concorrente. Luta de classes e lutas entre sectores do grande capital, sendo que, neste caso, a Rússia não demonstrou em momento algum, interesses imperialistas (e aqui convém lembrar as características definidoras de imperialismo dadas por V. I. Lenine). A Rússia sempre teve um forte sector ligado a negócios com a EU, ocidentalizado, que pressionou V. Putin para não invadir a Ucrânia e tentar negociar (foi o que ele fez, mas não resultou como se sabe) ; porém, isto não faz da Rússia uma potência imperialista. Fazer negócios com outras potências e países, ganhar lucros e influência, não faz da China uma potência imperialista.
No Médio-Oriente já há dezenas de anos, desde o pós-guerra pelo menos e para encurtar razões, que se desenrolam lutas de classes, entre massas de palestinianos trabalhadoras (embora não tivessem sido sempre assalariados, mas pequenos agricultores e pequenos comerciantes) e ocupantes colonizadores de origem hebraica. Entre estes ocupantes, mesmo que estejam unidos pela mesma vontade colonialista, existem, ainda assim, classes sociais, existe uma classe dominante de israelitas, sobretudo visível nos partidos da extrema-direita nazi-sionista. Essas divisões de classe entre os israelitas não desempenham atualmente papel importante, pois estão irmanados pela propaganda e pelos seus interesses colonialistas (erguer uma vivenda em terras de palestinianos ou roubá-la pela violência). Contudo, podem vir a desempenhar um importante papel, quando as contradições nessa sociedade se agudizarem.
Poderíamos exemplificar com outros casos que ocorrem no mundo. A emergência dos BRICs, essas alianças entre países capitalistas e socialistas que visam desenvolver pacificamente os seus negócios e defenderem-se dos ataques das potências do imperialismo belicista (das suas sanções, do FMI,do domínio do dólar, etc.), exprimem, de modo indireto é certo, lutas de classes. O império dos EUA representa isso mesmo : o império do grande capital norte-americano. O seu declínio (ou, pelo menos, a sua contenção) é do interesse do grande capital dos países reunidos à volta da Rússia e da China (e da Índia, Indonésia, Irão), mas també, e é isto que importa. do interesse das massas trabalhadoras (ainda que os BRICs não tragam socialismo algum) de todo o mundo. Assim como é do interesse dos trabalhadores a paz na guerra contra a Rússia, a derrota da NATO, a atual cedência dos EUA. E não é do seu interesse a propaganda de rearmamento da União Europeia , do Reino Unido e outros países ocidentais, que visa ameaçar a Rússia. Ainda que isto não seja mais que propaganda imediata, pois, imediatamente, o que esses líderes.fantoches do grande capital financeiro pretendem é justificar uma política de "austeridade" sobre os ombros dos trabalhadores. É uma enorme luta de classes.
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