Considerações- 3
Pensando em voz alta :
Se a continuada crise do capitalismo, agora agravada nos EUA e na Europa, se deve ao capitalismo e não um determinado grupo de indivíduos que resolveram a dado momento enveredar pelo modelo a que se costuma chamar neo-liberalismo , mas a um reajustamento da economia capitalista nos anos setenta que encontrou facilitada uma saída para crise de conjuntura de então e um caminho aberto para uma ofensiva em toda a linha contra a classe trabalhadora de todos os países do mundo, a alternativa dita "keynesiana" faz alguma reforma realmente profunda nesta dinâmica que resulta, no fim de contas, do processo de desenvolvimento do capitalismo? Processo que visa fundamentalmente alcançar o máximo lucro nas melhores condições de controlo e de segurança? As crises não são inerentes ao próprio sistema capitalista, particularmente a crise sistémica que arrasta e não supera há dezenas de anos? Com o capitalismo na sua fase ultra monopolista, governado por multinacinais ou Corporações com fios em todo o planeta, é possível reformas trabalhistas, as quais teriam de ser mais fundas para serem mais duradoiras do que as do pós-guerra, pois as circunstâncias são completamente diferentes desse período (devastação física da Europa)? Seria possível que os partidos social-democratas actuais alinhassem numa viragem de 180 graus em direção a políticas reformistas das que foram no passado os contratos coletivos de trabalho, as oito horas de trabalho, as férias pagas, poder negocial dos sindicatos, etc? Seriam reformas profundas contra as razões da desigualdade gritante, os regimes de trabalho precário, etc., compatíveis com o poder do grande capital comercial-financeiro? Não parece ser a solução encontrada pelo Capital através do rearmamento e de um futura guerra contra a China e o prolongamento da guerra contra a Rússia, a solução vencedora no areópago dos serviçais? Não é a própria social-democracia (dita reformista, trabalhista, and so on) que a promove na Europa?
Para que servem os partidos ditos socialistas iguais do português? Onde é que se encontram no seu programa medidas progressistas que eliminem (gradualmente?) o neo-liberalismo aplicado no país e imposto por Bruxelas?
Têm-se mostrado abertos na Assembleia da República, nos parlamentos europeus, às reivindicações dos sindicatos, de outros partidos da Esquerda, da oposição ao bipartidarismo?
Não é apenas na América Latina, em África, na Ásia, que se estão erguendo países com orientações democráticas avançadas?
Será que o exemplo da Índia por se destacar nos BRICs, do Brasil de Lula da Silva, demonstram que é possível travar os excessos do neo-liberalismo? Mas será que aí se trava realmente o neo-liberalismo, ou se luta apenas pela soberania dos interesses nacionais de uma larga classe capitalista contra os interesses de um Império?
Será que o programa imediato defendido nas últimas campanhas eleitorais do PCP e. de alguma forma, pelo menos na vertente económica, encontra correspondência no programas das lutas sindicais últimas, poderia ser aplicado por um governo deste partido socialista português? Mas como, se ele nunca o fez, nem mostra querer no seu programa eleitoral (com exceção de algumas medidas positivas, mas que não alteram a realidade e vindas de quem vem nada garante que as cumpra?
Para fazer cumprir as medidas que o PCP e outros partidos de esquerda reivindicam , as quais abririam um caminho de saída para fora deste brutal e neofascista neo-liberalismo, será preciso força.
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