CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIDA QUOTIDIANA
Pela minha observação, pelo que vejo e pelo que leio na política no quotidiano, pelo ambiente social em que me movimento, concluo que a pequena burguesia nacional (uma boa parte) continua a repetir o comportamento que teve na ascensão da ditadura de Salazar e no seu prolongamento, quer fosse nas colónias, quer fosse na metrópole e apesar do fenómeno extraordinário da campanha do general Humberto Delgado. Repete atualmente. Qual é? A famosa oscilação entre o medo da proletarização (transformarem-se em assalariados, empregados) e o medo de serem esmagados pela concorrência dos poderosos grupos industriais-comerciantes-financeiros. É nesta subclasse social (desejosa de se fazer passar por "classe média"!) que encontro dos maiores adversários da obrigação de pagarem impostos, por exemplo, dos maiores divulgadores crentes de mitos como a criminalização ligada imigrantes, do fabricado pânico pela insegurança, do mitos de que "ciganos" e outras franjas sociais recebem subsídios indevidos e avultados. É a minha observação, e só minha.
Primeira advertência : Estes resultados no que se referem ao comportamento da pequena-burguesia (pequenos e médios lojistas, oficinas, proprietários de imóveis, pequenos ou médios capitalistas envolvidos no agro-negócio explorando a força de trabalho imigrante, etc.) devem-se às políticas neo-liberais, a esse modelo triunfalista do capitalismo (afinal mais comercial-financeiro que produtivista, no Ocidente) que tem vigorado no nosso país pelas mãos de servidores do Capital. Chamem-se alguns de socialistas que os nomes não alteram a substância. Portanto, este "socialismo" à portuguesa não é alternativa nenhuma ao neoliberalismo, porque constituem o braço "esquerdo" do grande Capital. Contudo, pode constituir uma frente larga contra uma ditadura neofascista, porque estes pequenos e médios capitalistas (ou empregados) não são fascistas.
Segunda advertência - O que escrevi acima não reduz a importância ameaçadora dos eleitores proletários do Partido neofascista. Esta é, afinal, uma novidade assustadora em comparação com os apoiantes eleitores das ditaduras nazi-fascistas do período entre guerras mundiais (anos vinte sobretudo).
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