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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

À primeira volta

A vitória do
«entertainer» político



O título deste post é obviamente simplificador mas com ele o que pretendo significar é que, no resultado de Marcelo Rebelo de Sousa, o que mais pesa, sobretudo em relação ao que terá conseguido acima da votação do PAF em 4/10) não pertence ao território da política (ou, pelo menos, como a temos concebido) mas sim ao território de uma incomparável notoriedade, de uma longuíssima exposição mediática, da simpatia pessoal e da prolongada visita dominical aos lares dos portugueses a que há que acrescentar a ajuda da construída maquilhagem e opacidade políticas do candidato durante a campanha. Antes não o poderia escrever mas agora nada obsta a que insista na ideia de que, sendo uma parte decisiva das intenções de voto em MRS pertencente a este último território da não-política, todos os justos argumentos e críticas feitas por outros candidatos a MRS pertenciam a um mundo diferente e não podiam ter um efeito significativo ou decisivo do ponto de vista da necessária erosão das intenções de voto em Marcelo. Eram territórios ou mundos diferentes praticamente impermeabilizados a efeitos de um sobre o outro.

Porque muitos eleitores infelizmente o não compreenderam  e há o perigo certo de nas redes sociais e nos media aparecerem cidadãos e comentadores a insistir num grande equívoco, quero salientar que a vitória de MRS à primeira volta nada tem que ver com a diversidade  de candidatos à sua esquerda. De um ponto de vista aritmético (atenção, é aquele que conta para haver ou segunda volta) não eram deslocações de votos entre os candidatos à esquerda de Marcelo que mudavam ou alteravam as intenções maioritárias de voto em Marcelo. Todos os votos desses candidatos não iam para Marcelo e, portanto, todos contribuiam numericamente para o forçar a uma segunda volta. Para que este objectivo fosse alcançado era indispensável sim que intenções de voto fixadas em MRS se deslocassem para outros candidatos.

Quero sinceramente saudar Edgar Silva, porventura o mais injustiçado dos candidatos,  (e todos os que ergueram a sua combativa e corajosa campanha) e manifestar um imenso apreço pelas suas qualidades de humanismo e poderoso compromisso com os ideais de Abril manifestados numa batalha extraordináriamente díficil onde o preconceito médiático anticomunista voltou a exibir-se e cujo resultado, a meu ver,  foi muito provavelmente afectado pelo facto de um segmento do eleitorado da CDU ter preferido usar o seu voto para resolver a competição  entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.

A vida e a luta continuam, amanhã é outro dia e há muitas outras batalhas para travar. De ciência certa, lá estaremos.

P.S.: apesar de este ser um post sintético, seria absurdo não referir o excelente resultado de Marisa Matias e o impressionante afundamento da candidatura de Maria de Belém.
Via: O Tempo das Cerejas

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