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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Da Corrupção


A corrupção sempre existiu. Tem a idade dos primeiros Estados e aparecimento destes não foi em todo o lado efeito das classes sociais, provavelmente foi causa ou, pelo menos, coexistiu com elas. Nenhum regime, quer fosse confessional ou não, foi imune (a Democracia ateniense deixou-se corromper e minar). A corrupção acompanhou a ascensão e a queda dos regimes socialistas do Leste e é um dos cancros da China e da Coreia do Norte. A ditadura fascista de Salazar foi corrupta, assim como a de Franco, como fora a de Mussolini, como o foram todas as ditaduras do continente latino-americano. Da mesma corrupção foi morrendo o parlamentarismo monárquico português e um dos motivos para o a ideia de República vingar em 1910. A corrupção está instalada no federalismo norte-americano e dela se alimenta a economia. Instalada está nas velhas e novas democracias europeias, nas novas sobretudo.



Se sempre existiu, inclusive nos regimes que se diziam perfeitos, é, por isso aceitável? Não. Nenhuma moral a justifica, ainda que em alguns lugares algumas leis a permitam. Sempre os estados e os regimes a negaram, mentindo, incluindo aqueles que eram tão cegos que a não a viam. Se ela renasce quando é atacada, devemos resignarmo-nos? Não. É tanto mais escandalosa quanto mais é desmentida. É tanto mais prejudicial, quanto mais é tolerada. A corrupção por mais doentia que seja não é a doença, é o sintoma, uma metástase. Quando a corrupção alastra, esse regime político está condenado a prazo. Os grandes impérios exibiram a sua caducidade quando a corrupção era já epidémica. Ergueram-se ditaduras em nome do combate à corrupção, e nem sempre foi mera propaganda. Estalaram tumultos, revoltas, sedições, revoluções, com clamores contra os corruptos que prosperavam à custa da miséria aflitiva de muitos.


O s islamitas reprovam a corrupção do Ocidente, porém a corrupção floresce tanto nos mais «moderados» como nos mais fundamentalistas. Por acusar de corruptos o partido de Arafat é que o Hamas ganhou as eleições. É tão corrupto como a democracia israelita, embora noutras proporções.


As máfias sustentam o Estado italiano e sustentam-se. O Vaticano teve corruptos de alto coturno, conforme nos retrata a trilogia O Padrinho. O regime dos teólogos e dos «Guardas da Revolução» está pejado de corruptos, conforme nos relata Robert Fisk, A Grande Guerra pela Civilização, A conquista do Médio Oriente, e o Iraque que lhe fez uma guerra medonha, outro tanto.


A questão é saber-se porque é que a corrupção não abalou até aos alicerces os Estados britânico, norte-americano, ou outros, porque não os obrigou a mudar de Estado, de Regime, ou de sociedade. Quando muito mudaram os governos e as administrações. Causou o colapso dos regimes socialistas do Leste? Não, pelo menos não foi a causa principal.


O PSD e o PS sempre alimentaram corruptos nos seus governos, mesmo que uns tantos corruptos não façam corrupto um governo. Deixaram, por isso, de serem alternativa um ao outro?

2 comentários:

cid simoes disse...

Nos anos 80 foram eleitos administradores por parte do pessoal para os conselhos de administração das grandes empresas públicas. A nem um só chegou a ser dada posse. Se os trabalhadores participassem na administração a corrupção era mais difícil.

Nozes Pires disse...

Acredito, mas vale como crença. Certamente que defendo isso.

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