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domingo, 21 de setembro de 2025

 

Ainda o processo kafkiano contra Boaventura de Sousa Santos Carta a um amigo – por Júlio Marques Mota

By António Gomes Marques on 15 de Setembro de 2025

Ainda o processo kafkiano contra Boaventura de Sousa Santos

Carta a um amigo

por Júlio Marques Mota

Meu grande amigo

Obrigado pela tua leitura do meu texto sobre o Processo kafkiano – o processo contra Boaventura de Sousa Santos

Dizes-me:

“Júlio,

Já li texto sobre a defesa do Boaventura.

Formalmente está bem escrito, com lógica, e é uma boa defesa que fazes do nome dele.

Sendo amigo dele, interpreto como um gesto nobre da tua parte, numa altura em que ele está a ser marginalizado. Isto nada tem a ver com as opiniões que possamos ter sobre o pensamento político dele.” Fim de citação

Meu caro amigo, eu sublinho no meu texto que parto de um ponto de vista muito especial, o caminho indicado por Sraffa, como sendo o homem caído da lua, o homem que se quer assumir como não conhecendo ninguém, um homem que se quer assumir sem circunstâncias que o condicionem. Não cito ninguém ligado ao processo, não conheço as acusantes, não frequento o CES, nunca “quis ser envolvido nas Sociologias”, não me cruzo com o Boaventura de Sousa Santos há mais de 20 anos. Este é o ponto de partida.

E porquê este ponto de partida? Porque é que não parti da ideia de que as acusações feitas correspondiam ao que se tinha passado?

Dito de uma outra forma, escrevi o texto não como amigo seja de quem for, escrevi-o como cidadão revoltado contra o cancelamento que a uma das figuras de maior relevo na universidade portuguesa atual está a ser imposto. Assim, sejamos bem claros, o ser amigo do Boaventura não tem nada a ver com o texto escrito. Fui seu amigo de muitos anos antes, apesar de muitas picardias profissionais entre nós os dois, continuo a ser seu amigo porque como argumento no texto, não me é credível o que as acusantes afirmam. Se me fossem credíveis as referidas afirmações acusatórias garantidamente eu deixaria de o considerar como amigo e o texto que leste nunca seria escrito. Detesto o politicamente correto.

Este distanciamento permitiu-me sustentar a minha argumentação apenas no plano lógico e tanto assim que só depois do texto terminado é que passei a ler a troca de emails entre Boaventura de Sousa Santos e as acusantes. Fiquei-me pelo primeiro nome da lista, uma das principais acusantes senão mesmo a principal, e fiquei horrorizado com o que li. Até dois anos antes da “bomba” explodir ele era visto por ela como uma espécie de anjo protetor, tendo-lhe até sido pedido pela acusante que ajudasse um amigo seu que estava com uma depressão, possivelmente provocada pela tensão vivida em torno de uma tese para entregar. Um pedido que significa muito: significa que a relação entre Boaventura e a acusante era boa, que o Boaventura era visto como alguém capaz de tirar o amigo da “fossa”, uma confiança credivelmente assente noutros casos de apoio dado pelo Boaventura de que a acusante deverá ter tido conhecimento.

Com o quadro mental, que a vida me permitiu elaborar ao longo destes meus 82 anos vividos e muitas das vezes sofridos, pretendi apenas olhar para a suposta realidade do que as acusantes dizem ter acontecido e confrontar o que diziam sobre essa situação com o que conheço da vida académica. Como expliquei no meu texto, nada bate certo de uma coisa com a outra e é esse mesmo texto, meu amigo, que tu consideras solidamente argumentado. Fiquei satisfeito com essa tua leitura onde até a palavra amigo está certa desde que associada a espírito de missão e este espírito de missão estava implícito quando referes o ato nobre de publicar o texto para além dos mal-entendidos que se pudessem colher com a sua publicação.

Partes, pois, do raciocínio lógico do meu texto para o sentimento do homem comum que expões a seguir e que reproduzo mais abaixo. Deixa-me, entretanto, explicar-te qual foi o meu trajeto.

Quando a bronca estalou, numa coisa eu acreditei, que haveria assédio sexual mas questionei-me: qual a origem nele ou nelas? Um enviesamento, seguramente. Deixa-me expor uma anedota que corre na Internet.

“ Há algumas semanas, jantei na casa de um amigo. À mesa, a filha dele, de 9 anos, desafiou-me com um enigma. Talvez o leitor já o conheça.

Um pai e um filho sofrem um grave acidente de carro. O pai morre na hora, enquanto o filho é levado de helicóptero para o hospital em estado crítico. Quando o garoto chega ao pronto-socorro, um cirurgião entra, olha para o paciente e diz: “Não posso operar este menino, ele é meu filho”. Então, quem é o cirurgião?

Eu disparei alguns palpites rápidos. O cirurgião era o padrasto do menino. O pai que morreu no acidente era o padrasto, e o cirurgião era o pai biológico. Ou talvez o pai adotivo do garoto. Demorei alguns minutos nisso. A filha do meu amigo olhava-me como se eu tivesse três cabeças. Depois de um tempo,  perguntou-me: “O que há de errado consigo ?A resposta é: a mãe!”.

Fiquei a morrer de vergonha. Pensei: “Meu Deus, o que há de errado comigo?!”. Não conseguia acreditar que não tinha pensado na mãe. A resposta era tão óbvia depois que o ouvi.

Quando li essa história no blog anecdote.com neste fim de semana, também não consegui pensar na resposta certa. E isso apanhou de surpresa a minha filha (que estuda uma área relacionada com a medicina) e a minha esposa (que é médica). O meu filho adolescente, no fim de contas, acertou.

Este é um ótimo exemplo de como os nossos pressupostos estão tão profundamente enraizados na nossa cabeça que um enigma com uma resposta tão óbvia como é este o caso pode deixar-nos perplexos. Não consigo evitar extrapolar a partir deste caso sobre como hipóteses inconscientes influenciam as nossas decisões e perspetivas diante dos muitos desafios difíceis que estamos a tentar enfrentar – a igualdade no local de trabalho, por exemplo. Este artigo da Psychology Today explica que “o viés de confirmação faz-nos pensar que estamos a pensar e a avaliar racionalmente, quando na verdade não o estamos a fazer racionalmente”. (original aqui)

O final desta história a brincar diz-nos muito. Que pensei eu com as primeiras declarações bombásticas? Que não há fumo sem fogo. Pensei então: quem é que assediou quem? Parti, pois, da hipótese de que o assédio existia, mas a partir de quem é que não sabia. Razão para este raciocínio: como afirmei no texto o Boaventura aparecia para muita gente como uma figura encantadora e para muita gente da América Latina como uma espécie de santo na Terra. Naturalmente, a admiração poderia transformar-se consciente ou inconscientemente em tentativa de sedução delas, ou vice-versa pela parte dele face à admiração por elas mostrada. Não pus a hipótese de não haver fogo, de só haver fumo , e um fumo muito estranho, diga-se de passagem! Mas deixemos o mundo de santos e santas. Surge depois a ideia de assédio moral e supostamente altamente violento relativamente ao namorado da agora deputada brasileira. Aí pensei, não, isto não pode ser. Isto seria só próprio de um monstro e de um monstro fora de qualquer controlo. E de um monstro sem controlo não havia uma qualquer notícia. Logo, uma hipótese a rejeitar. Depois houve a documentação apresentada por Boaventura de Sousa Santos relativamente às duas primeiras denúncias. Aí comecei a colocar uma hipótese diferente: a de as duas acusantes estarem em campanha política nas suas terras e de a campanha de acusações  corresponder a interesses outros que não os que as palavras de acusação traduziam. Uma ideia que morreu ali. Era vaga demais para eu me ficar nela.

Mas o inconsciente coletivo tem muita força sobretudo quando envolve questões em torno da sexualidade. Esta lógica de só de um monstro voltou-me, de novo, à cabeça quando ouvi a narrativa sobre o que se teria passado na Curia com as tentativas sempre repelidas de mão na virilha de uma mulher e num local rodeado de gente conhecida, um local público! Ninguém abordaria uma mulher assim. Mais uma vez esta era, assim, uma outra hipótese a rejeitar. Não, vão para o diabo com estas histórias. Não, isto não pode ser assim, estas histórias não encaixam. Ninguém abordaria inicialmente uma mulher, enquanto fêmea, desta forma, Terá de haver outras razões, mas quais? A terminar a minha tomada de consciência a sério, fiquei a saber dos múltiplos cancelamentos a que Boaventura foi sujeito e, por fim, veio o cancelamento de Thomas Palley, estabelecido pelos seus próprios colegas porque se tinha oposto á guerra na Ucrânia. O campo de análise era agora já outro, era político, e esse expliquei-o no texto que comentaste, uma análise em que penso teres aceitado quando consideras que o meu texto estava bem argumentado. É aqui que me desembaracei definitivamente dos fantasmas do inconsciente coletivo quanto á sexualidade com as quais o pensamento único é hábil em jogar, e como este caso tem muito bem ilustrado O meu trajeto, o teu trajeto, mostram bem esta triste realidade, esse peso da moralidade mesmo que inconsciente. E voltamos assim a história do acidente acima relatada.

Com o cancelamento tanto de Palley como de Boaventura estamos a falar já não de acontecimentos locais- uma revista (Palley), uma Universidade (Boaventura)-  mas de um acontecimento a nível mundial e este não é nada proporcional ao que se poderia considerar local. No caso que nos importa aqui fomos levados a pensar em dois acontecimentos que a partir de dado momento se terão desenrolado em paralelo, primeiro um movimento desencadeado pelas vítimas do CES , depois é o aproveitamento mundial pelos media, servidores fiéis e servis da lógica neoliberal e das suas Instituições de base, as geridas pelos senhores do mundo, a que se segue de imediato o descomunal cancelamento de Boaventura de Sousa Santos. Depois, as ditas vítimas montam nesse cavalo poderoso que lhes é oferecido para reforçarem as suas posições.

Meu caro amigo, no teu texto abandonas depois o meu texto e o sentido lógico nele contido para assumires o papel do cidadão comum, questionando-se sobre a racionalidade ou não que pode estar por detrás das acusações. E afirmas:

“Eu só conheço este tema pelo que li nos jornais, nem sei se parte ou o todo de que é acusado é verdade ou não, mas há coisas que fazem pouco sentido, e se assemelham a muitas cabalas que nos chegaram através do Metoo, de que sempre fui muito céptico, e acho, sem negar, por desconhecer, que tenha havido situações de assédio, muitas foram vinganças e acerto de contas antigas.

Uma coisa que tenho dificuldade em perceber é o que terá motivado estas “acusações”, ainda por cima agora e não no momento em que eventualmente ocorreram. Vinganças? Mas porquê? Frustrações profissionais? Mas o que resolve nesta altura?

O movimento woke, apadrinhado por alguma esquerda (a esquerda também tem defeitos), criou uma cultura de censura e autocensura e acusações a tudo o que sai fora das baias do politicamente correcto. Não deixa de ser curioso que Boaventura seja vítima desta cultura Woke, a que ele, justa ou injustamente, foi por vezes associado. Movimentos como o Metoo e um certo moralismo nasceram no seio da cultura Woke”. Fim de citação

Meu caro amigo, sejamos claros, os homens e as mulheres são também o que são as suas circunstâncias. Possivelmente, a maioria das circunstâncias destas acusantes, por elas próprias designadas Coletivo de vítimas do CES, para estas acusações de agora não terão de ser encontradas no tempo e no espaço ao qual aludem as acusações, onde tu te queres situar, onde eu também comecei por me sentar, mas sim nas circunstâncias de um outro tempo, o de agora, e de outros espaços, os espaços em que vivem agora as acusantes com as suas determinantes específicas. Que ambos desconhecemos. Estas novas circunstâncias de tempo e espaço ignoramo-las por completo e, então, será que as podemos considerar como elusivas unknow unknows, uma vez que não podemos saber o que é que não sabemos delas? As tuas interrogações de agora, tal como as minhas de outrora, são, pois, puramente irrelevantes como digo acima, dadas as inconsistências verificadas ou não explicadas pela Justiça que permanece calada. E não esqueçamos o que o artigo da Psychology Today nos explica que “o viés de confirmação faz-nos pensar que estamos a pensar e a avaliar racionalmente, quando na verdade não estamos.” Julgamos avaliar racionalmente quando muitas vezes não é o que fazemos como parece ter sido o nosso caso, o meu e o teu, sobre esta situação.

Na linha de raciocínio do meu texto, em que considero incoerentes as declarações feitas pelas denunciantes quer com a vida universitária e as suas exigências de trabalho intelectual quer com aquilo que se relata na longa lista de emails trocados entre Boaventura e as acusantes, onde se denota uma convivência sã, sou levado a pensar que também aqui há uma motivação fortemente política deste grupo- independentemente do que é feito á escala internacional pelos autores do cancelamento de Boaventura pois aí os atores são já outros- assente o grupo na interseção estabelecida por duas linhas radicais de esquerda não convencional: o wokismo e o interseccionalidade. Quanto aos efeitos destas duas linhas de atividade política na América e não só nela, estes são já bem visíveis

Num texto de Isabella Gonçalves e do Colectivo de vítimas do CES , intitulado

Chaui, a verdade não se divide entre o ‘santo Boaventura’ e as denunciantes (original aqui)

em que se pretende responder ao texto de Marilena Chaui onde esta defende fortemente Boaventura, pode-se ler:

 Para enaltecer as qualidades intelectuais do homem, Marilena — que não nos conhece, desconhece grande parte da história e sequer nos nomeia — sentiu a necessidade de deslegitimar e atacar mulheres que se mobilizam contra relações de poder estruturais na academia: o assédio sexual e moral e o extrativismo acadêmico. (O sublinhado é nosso)

(...)

“E a história hoje se move de uma academia enclausurada, marcada pela hegemonia do pensamento colonial, racista e patriarcal, para uma academia com mais mulheres, com mais pessoas do Sul Global, mais indígenas, mais pessoas negras, que pensam, escrevem, questionam, se inquietam e se rebelam contra as estruturas acadêmicas opressivas que por muito tempo lhes impuseram barreiras e lhes causaram danos. O pensamento de Boaventura se inscreve nesse movimento, mas não está livre de contradições. ( O sublinhado é nosso)

A relevância dos livros e da teoria de Boaventura para o pensamento progressista leva alguns e algumas a crer que ele seja um santo na terra. Mas, basta um pouco de convivência, para perceber a distância entre o que se fala e o que se faz, entre teoria e prática, escancarada em sua trajetória marcada por muitos privilégios, brancos e europeus, e por uma forma arrogante de se relacionar com quem desagrada sua vontade imaculada, sobretudo quando essas pessoas estão subordinadas a ele por vínculos laborais ou acadêmicos (os sublinhados são nossos)

(...)

“A exposição do “Caso Boaventura” não se trata de vingança nem de destruir a imagem pública de alguém. A sequência de relações abusivas de poder narradas pelas denunciantes diz respeito não apenas ao professor, mas sobretudo à forma estrutural como o patriarcado se reproduz no espaço acadêmico.”

(...)

Falar de extrativismo intelectual e assédio moral e sexual no contexto acadêmico significa debater duas dimensões estruturantes de uma universidade que precisa se reinventar para reduzir a distância abissal entre teoria e prática. Debates feministas importantes têm refletido como a academia deve se tornar emancipatória, intercultural e ecológica para as mulheres, em especial migrantes, indígenas, negras, LGBT+. (O sublinhado é nosso)

(...)

Marilena, ao afirmar que as denunciantes mentem, pois usufruíam de boas condições de trabalho e pesquisa – o que as protegeria do assédio moral e sexual – parece desconhecer a realidade da maior parte das mulheres na academia: vivendo sem bolsas ou com remuneração insuficiente, sendo constrangidas a não engravidar, a não amamentar, conciliando duplas e triplas jornadas de trabalho, e, na maioria das vezes, realizando trabalhos extras para seus orientadores para manter uma relação laboral e científica precária.

(...)

A ‘Verdade’ é que o assédio moral e sexual e o extrativismo acadêmico são elementos estruturais e estruturantes das relações de poder na academia. Combatê-los não tem a ver com destruir a imagem pública de alguém, mas sim com aprofundar um movimento dialético por uma academia que não continue violentando mulheres.” Fim de citação.

Estes excertos merecem ser lidos com muita atenção. Ao longo de mais de 15 anos tenho sido um forte crítico do que se passa na Universidade, dos muitos poucos que se manifestam frontalmente  contra o que se passa hoje no Ensino Superior, mas quando falo de estudantes falo de homens e mulheres, independentemente da cor, da raça, do género, quando falo de docentes, falo de professores e professoras, uma vez que a precariedade atinge-os a todos, e a precariedade para mim assenta na precariedade do emprego  de quem nas Universidades trabalha, assenta na precariedade das condições de trabalho de uns e de outras, seja-se homem ou mulher, assenta na desvalorização sistemática da profissão de docente, assenta na degradação sistemática dos conteúdos do que se ensina, assente na precariedade do valor dos diplomas concedidos, a valerem talvez  menos do que a tinta gasta na sua impressão. E isto não tem nada a ver com o que se diz no texto acabado de citar, como se o problema da Universidade fosse a necessidade desta “se tornar emancipatória, intercultural e ecológica para as mulheres, em especial migrantes, indígenas, negras, LGBT+” ou a necessidade desta ter “mais pessoas do Sul Global, mais indígenas, mais pessoas negras, que pensam, escrevem, questionam, se inquietam e se rebelam contra as estruturas acadêmicas opressivas que por muito tempo lhes impuseram barreiras e lhes causaram danos”

Curiosamente, quando estamos em vias de ver ruir toda a estrutura universitária, por estar a ficar minada pelo trabalho demolidor levado a cabo pela Inteligência Artificial Generativa (IAG) quando não se dispõe, nem de Reitores, nem de diretores à altura dos graves problemas com se debate o  ensino superior, quando estes dirigentes académicos vivem incapacitados para procurarem encontrar as linhas sempre difíceis de defesa contra o ataque que contra a Universidade está a ser desencadeado, quando a maioria dos professores que nela trabalham estão já totalmente formatados para  apenas lerem powerpoints e aumentarem as linhas escritas dos seus curricula, quando tudo isto acontece  assiste-se à tentativa de assassinato intelectual de figuras de alto gabarito como, por exemplo, as de Thomas Palley e de Boaventura de Sousa Santos no altar do Pensamento Único, assiste-se é lamentável ideia que os problemas da Universidade sejam basicamente os que são citados por Isabella Gonçalves. Quanto a isso não é preciso dizer mais nada.

O alvo deste grupo parece, pois, ser político, parece então ser outra coisa que não o que é expresso pelas acusações contra Boaventura: estas acusações seriam apenas o meio para a notoriedade política que o cancelamento de Boaventura lhes possibilitaria. Veja-se o que aconteceu em S. Paulo, onde Boaventura de Sousa Santos terá sido impedido de estar presente. Confinados, silenciados, vilipendiados na praça pública, anulados, parece ser agora o destino dos que recusam o pensamento único. Curiosamente, Isabella Gonçalves não deixa de afirmar: “A exposição do “Caso Boaventura” não se trata de vingança nem de destruir a imagem pública de alguém. A sequência de relações abusivas de poder narradas pelas denunciantes diz respeito não apenas ao professor, mas sobretudo à forma estrutural como o patriarcado se reproduz no espaço acadêmico.”

Pelo que se transcreve, uma coisa é certa, a Universidade que Isabella Gonçalves deseja não é claramente aquela pela qual me tenho vindo a bater desde há décadas. Tudo isto é bem claro.

 

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