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segunda-feira, 3 de junho de 2019

OPINIÃO

    O número de assalariados no sector secundário substancialmente inferior aos empregados no sector terciário, as áreas económicas onde se empregam actualmente, o aumento significativo de empregados com escolaridade obrigatório e de licenciados, mostram as grandes transformações sociais -das classes e dos estratos- por que tem passado Portugal nestas últimas três décadas. O país da extensa classe operária (fabril) concentrada já não é o que era. Entretanto, tem vindo a aumentar neste século o trabalho precário e o trabalho informal. A média dos salários nos três sectores é das mais baixas da União Europeia. Um milhão de portugueses (pensionistas, desempregados de longa duração, precários, trabalho braçal, etc.) sobrevive na pobreza relativa ou extrema.
Podem-se consultar todos os dados no site PORDATA e no site eugeniorosa. com.
As preocupações de quatro milhões de assalariados  são muito distintas entre eles, conforme as classes e camadas sociais, nível dos rendimentos, zonas urbanas, escolaridade, etc.
Neste século emergiram temas sociais que mobilizaram e mobilizam fracções importantes da população, à semelhança do que se passou e vem passando pelo mundo fora: direitos das mulheres, direitos de assunção de orientações sexuais, direitos dos animais, direitos étnicos e de minorias, sendo que a defesa do ambiente (ecologia, alterações climáticas, protecção dos oceanos) tem vindo a expressar-se cada vez mais através de partidos políticos e já não apenas por movimentos informais e ONGs. Acrescentem-se a estes temas as lutas massivas ou através de movimentos, sindicatos e partidos, por melhores salários e pelo trabalho com direitos, pela habitação, pelo "Direito à Cidade", pela Paz, contra a austeridade, lutas que definem os momentos europeus ou mundiais das crises económicas e das acções de intervenções militares (as grandiosas manifestações contra a invasão do Iraque).
Tudo isto é sabido (para quem desejar saber evidentemente), a informação é abundante e de fácil acesso gratuito. Tudo isto se reflecte nos actos eleitorais. O descontentamento com os rumos desta UE, os contentamentos/descontentamentos com este ou outro Governo nacional. As eleições constituem um indicador inescusável das forças sociais e políticas em presença num dado momento. Também a força dos sindicatos, a tendência para aumentar a taxa de sindicalizações ou para diminuir, como este é o caso presente.
Já se dispõe de análises com rigor satisfatório (ainda não surgiram estudos rigorosos) sobre a tipologia dos eleitores da Direita, do PS/Governo, do BE, da CDU, do PAN. Politicamente interessantes no que se refere ao BE e ao PAN, que explicam muita coisa nos tempos presentes. Que estão a fazer reflectir sobre os temas que parecem interessar aos portugueses, que vão ao encontro dos seus descontentamentos ou dos seus contentamentos, tão diversos conforme uma profusão de factores que intervêm nas decisões dos diferentes estratos sociais, profissionais, etários, de género.
Pensar que as eleições legislativas são muito diferentes das europeias é um erro que pode sair caro. Pensar que as vitórias ou os insucessos se devem exclusivamente ao poder mediático que se possui ou não possui, é outro erro.
Os partidos políticos registam padrões específicos conhecendo-se os seus comportamentos e resultados eleitorais e tendências para irem subindo ou irem descendo em determinados períodos de tempo mais ou menos longo, como se podem ler nas histórias das social-democracias e nas histórias dos partidos comunistas nas últimas décadas na Europa. As excepções confirmam a regularidade: assim, enquanto os partidos tradicionais da social-democracia (PS) descem lá fora, aqui dentro o PS sobe e ficará no poder mais uns anos.
É altura de mudar as tácticas. De reconhecer as realidades e reagir em conformidade.

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