Karl Marx nosso contemporâneo
J. Paulo Netto
«(...) Ora, os antagonistas de Marx que protagonizam o antimarxismo dos “tempos conservadores” tomaram, conscientemente ou não, esse Marx e esse marxismo-leninismo tal como os marxistas-leninistas o promoveram: como o Marx e como o seu legado. Claro está que fazer a crítica desse Marx e desse legado não é tarefa difícil – e o grosso do antimarxismo fez e repetiu, como disse acima, com novos ingredientes adjetivos, uma tal crítica, a que não faltam, é preciso dizê-lo, elementos fundados e pertinentes.
Mas a crítica é infundada e impertinente se se propõe como referida a Marx e à sua obra, como também é mistificação atribuir a características do pensamento marxiano a paralisia da pesquisa no quadro do marxismo-leninismo.O colapso do socialismo real derruiu os suportes sócio-materiais da ideologia constelada no marxismo-leninismo; objetivamente, ela carece hoje de qual-quer eficácia social (mesmo que o peso da sua hipoteca ainda se faça sentir) e de
qualquer funcionalidade (salvo para que o antimarxismo dos “tempos conservadores” se retroalimente). Por seu turno, a crise sistêmica da ordem do capital, já prenunciada e conectada a um novo fluxo de lutas sociais, oferece fortíssimas evidências do começo do fim do celebrado fim da história. Criam-se, assim, condições para uma nova (re)leitura de Marx e um novo estágio de desenvolvimento do pensamento marxista (...)»
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