«(...) A verdade é que uma combinação de
fatores contribuiu para que, em muitas á reas do pensamento de esquerda contempo-
râneo, surgisse uma crítica denegritória, aberta ou velada, a categorias como classe
social, modos de produção e formas de poder de Estado, em nome do compromisso
com um estilo mais “localizado” de luta política. Principal entre esses fatores foi a
recente e violenta virada para a direita de vários regimes burgueses ocidentais, sob
a pressão dacrise capitalista global—uma mudança dramática no espectro político
e no clima ideológico, que emudeceu e desmoralizou muitos dos que pregavam com
mais confiança e combatividade por uma política revolucionária. Houve, a esse
respeito, o que se pode caracterizar como uma falência generalizada da coragem
política, e, em alguns casos, um processo acelerado de acomodação, por setores
da esquerda, à política do capital. Neste contexto, em que certas formas de
política emancipatória de longo prazo parecem intratáveis ou implausíveis, é
compreensível que elementos de esquerda se dirijam de modo oportuno e espe-
rançoso para essas questões em que ganhos mais imediatos parecem possíveis —
questões que a política de classe estreitamente definida sempre diminuiu, distor-
ceu ou ignorou.(...)» A Ideologia da Estética, Terry Eagleton
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