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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Cada fase do capitalismo tem o seu marxismo

 « (...) Fredric Jameson é bastante consciente desse impasse, algo que é explicado por ele jus-
tamente pelo fato de cada forma de dialética estar relacionada à situação específica
na qual foi desenhada. Hegel, Marx e o próprio Lukács, por exemplo, a pensaram
em períodos históricos de revolução social (Revolução Francesa; Revolução de
1848, Comuna de Paris, Primeira Internacional; Revolução Russa), em que “a
janela em direção a um futuro radicalmente diferente foi, por mais que levemente,
aberta” (Jameson, 2009c, p.280). Na ocasião em que escreve (que oscila entre o
ambiente da Guerra Fria, a efervescência dos anos 1960, a crise do capitalismo
nos anos 1970, a derrocada do socialismo real e a virada neoliberal em 1980 e
1990), tais “condições de possibilidade” teriam mudado consideravelmente, de
forma que estaria posto o desafio de se pensar uma concepção dialética adequada
às características desse momento particular.
Nesse sentido, Jameson de certa forma aplica os princípios de reflexividade
e historicidade das operações dialéticas ao seu próprio pensamento, avaliando o
marxismo com sua própria lupa, ou seja, entendendo-o como mais um fenômeno
cultural que, como qualquer outro, varia historicamente, de acordo com situações
sociais concretas. É nessa perspectiva, inclusive, que defende a existência de “dife-
rentes marxismos no mundo de hoje, cada um deles respondendo às necessidades
e problemas específicos de seu próprio sistema socioeconômico” (Jameson, 1996,
p.8). Assim, cada marxismo seria específico de uma situação: “são as ideologias
locais de uma ciência marxiana na história e em situações concretas, que estabe-
lecem não só suas prioridades, mas também seus limites”, de forma que cada um
abrange “as determinações de classe e os horizontes cultural e nacional de seus
proponentes (horizontes que incluem, entre outras coisas, o desenvolvimento de
uma classe trabalhadora política no período em questão)” (ibid., p.19). (...)

GIOVANNA MARCELINO , O marxismo de Fredric Jameson, in Academia. edu

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