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sábado, 23 de março de 2019


Antes pelo contrário
Antes pelo contrário
Daniel Oliveira
O serviço está feito, caro Temer. Está dispensado
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Só muita ingenuidade pode ver na prisão de Michel Temer a prova de que a justiça brasileira é neutra e não participou num golpe. Pelo contrário, a gestão de políticas dos ritmos da investigação Lava Jato demonstram a total instrumentalização política da Justiça.
O golpe contra Dilma, que apesar do impeachment se arrisca a ser a única a provar-se inocente (mas o cerco vai continuar), tinha dois objetivos: afastar o PT do poder, para lançar, em tempo de vacas magras, uma feroz contrarreforma social, e garantir aos autores do golpe a salvação do que sabiam que aí vinha. Está documentado em escutas. Se há coisa que se prova em toda esta história é que o afastamento de Dilma e do PT nada teve a ver com qualquer combate à corrupção. Foi um ato desesperado de corruptos que tentavam segurar o poder para salvarem a sua pele. Não conseguiram. Com as suas políticas antissociais e no meio do caos, a direita tradicional brasileira perdeu o controlo da situação. E foi assim que abriu as portas a Jair Bolsonaro. Um deputado que, em 2016, quando Dilma foi derrubada, valia menos de 5% nas sondagens.
As prisões de Eduardo Cunha e de Michel Temer aconteceram no tempo em que tinham de acontecer. Eles foram vítimas do seu próprio golpe. Foram eles que fizeram o dirigiram, foram eles que criaram o caos que levou Bolsonaro ao poder e são eles que agora permitem que o novo poder diga que ninguém está a salvo
Para além de abrir as portas a Bolsonaro, Eduardo Cunha e Michel Temer deram tempo para retirar da corrida presidencial o candidato que estava à frente nas sondagens: Lula da Silva. O processo de Lula passou à frente de todos e os seus prazos foram escandalosamente determinados pelo calendário eleitoral. Impedir que Lula fosse a votos era o grande objetivo do juiz Sérgio Moro. Devidamente premiado com a oferta de um superministério que pode vir a ser a passadeira vermelha para a desejada presidência.
As prisões de Eduardo Cunha, primeiro, e de Michel Temer, depois, com base em evidências muito mais indiscutíveis do que as que existem contra Lula, aconteceram no tempo em que tinham de acontecer. Depois de cada um ter feito o que tinha de fazer. Cunha e Temer foram vítimas do seu próprio golpe. Foram eles que o dirigiram, foram eles que criaram as condições para Bolsonaro chegar ao poder e são eles que agora permitem que o novo poder diga que ninguém está a salvo. A não ser, claro, homens como Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, que confessou ter recebido financiamento ilegal e que o ministro Sérgio Moro perdoou porque ele até já tinha admitido os seus erros pedindo desculpas.
Temer não é o único dispensado pelo novo poder. Giniton Lages, o delegado policial que aproximou demasiado a investigação sobre o assassinato de Marielle Franco da família Bolsonaro, recebeu guia de marcha para a Europa. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que ele estava muito cansado e propô-lo para um programa de intercâmbio com a polícia italiana. Como veem, no Brasil é tudo às claras. Mas sim, tenho completa confiança na justiça brasileira. Um dia chegará à verdade. Mas sempre no tempo político conveniente.

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