Como rescaldo destas eleições para a presidência da República reaprendemos todos nós democratas que a extrema-direita neofascista seja de Portugal ou de outro país qualquer, medra no húmus das misérias económicas e culturais. Quanto mais as populações ( incluindo minorias étnicas) forem abandonadas e se sentirem abandonadas, mais serão manipuláveis por demagogos e aventureiros. Desemprego, empregos precários mal pagos e sem direitos, exclusão social por razões étnicas ou outras, habitações em bairros degradados e esquecidos pelos autarcas e pelos governos, baixa escolaridade e completa iliteracia (analfabetismo funcional), doenças crónicas disseminadas na ausência de serviços de saúde de proximidade. A somar a tudo uma catastrófica pandemia que mata e aterroriza e proíbe os parentes de acompanharem os seus mortos à última morada. Que mais seria preciso?
(Contudo, devemos acrescentar neste rescaldo que muitos dos eleitores do partido neofascista foram eleitores do CDS e do PSD. Da direita, portanto. De saudosistas do Salazarismo, de ressentidos contra o desfecho das guerras coloniais, de reaccionários que odeiam os avanços civilizacionais em benefício das mulheres. A contagem e verificação das votações comparativamente levam-nos a não exagerar os ganhos do partido neofascista sobre os eleitores do PS e da esquerda em geral. O que há de novo é a viragem da direita para a extrema-direita.)
A guerra contra o fascismo vai ser composta de muitas batalhas: de informação, de empatia e aproximação, de elevação do nível cultural, de obras públicas nas freguesias, de investimentos dos governos centrais, de muito trabalho dos sindicatos, de muito activismo associativo e cívico, social e político.
Não basta apontar soluções ao(s) governo(s) centrais por meio da luta política institucional. Este governo goza nestes dias da simpatia e da confiança de uma muito ampla percentagem do povo português. O governo com grande mestria soube responsabilizar todos e cada um pela situação catastrófica provocada pelo aumento exponencial da pandemia, e, assim, limpar as mãos à parede pela parte de culpa que lhe cabe a contar nos anos que a precederam e no presente (as lágrimas da ministra ajudaram muito...). Investimentos quase nenhuns, mas goza da simpatia de 40% de portugueses (o medo é tão grande que uns governantes simpáticos estimulam e congregam todos os impulsos religiosos e o Estado converte-se na suprema alienação).
Mas não bastam os Parlamentos. Como se viu.
Responsabilizem-se também os órgãos de comunicação pela parte que lhes cabe, com as televisões à cabeça todas e sempre alinhadas com a direita (há alguma que não??). Quase todos os jornais diários e todas as televisões andaram a semear a erva daninha. Inadmissível a linha direitista da televisão pública! Que mais parece a televisão governamental de um regime autoritário.
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