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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

OPINIÃO

    O "calcanhar de Aquiles" dos comunistas nos debates públicos e até nas pequenas conversas no café do bairro ou com os colegas de trabalho é a resposta à crítica ao "apoio" aos Estados socialistas do presente, particularmente o regime da República Popular da Corteia do Norte, e ao "estalinismo". Também os adversários recorrem ao "apoio" ao regime presidido por Maduro na Venezuela.

  Cada caso é um caso particular. Não são "farinha do mesmo saco". Portanto, não é fácil uma resposta comum, única.

Há que esclarecer melhor estes assuntos internamente, porém disso aqui não falo.

Nunca encontrei comunista algum, do meu país ou de outro país, que se identificasse com o regime da Coreia do Norte, embora reconheçam o cerco odioso a que este território independente e soberano tem sido vítima desde a sua origem, a ameaça permanente de ser atacado militarmente; comunistas mais informados compreendem o peso da história particular das Coreias e o porquê da guerra que as dividiu; sabem também que a Coreia do Sul sofreu uma brutal ditadura até há poucas décadas atrás com completo apoio presencial dos EUA e, portanto, não tem muita autoridade moral. Apesar destas razões que a história ilumina não se identificam com um regime que se pode classificar como ditadura paternalista de uma monarquia hereditária, que se sobrepõe à real, embora relativa, participação dos trabalhadores na gestão das coisas da economia. 

O caso da Venezuela actual é muito diferente e exige argumentos diferentes. A simpatia de alguns comunistas pela presidência de Maduro nunca foi grande depois que ele substituiu Chavez. Como se sabe, a divisão entre os comunistas venezuelanos é profunda agora.

Quando ao "estalinismo" a coisa é ainda mais complexa e não cabe agora aqui esmiuçar os factos verdadeiros e as mentiras. Importa, sim, admitir que Estáline, por particulares razões históricas, exerceu uma ditadura pessoal, o KGB aterrorizou muita gente e as liberdades individuais eram poucas excepto se servissem a orientação conjuntural de quem dominasse o PCUS. Contudo, os benefícios para os trabalhadores foram enormes em comparação com o estado anterior e a influência no mundo e na história foi imensa.

Há que responder bem e suficientemente depressa a quem questiona. Em certos casos é necessário contra interrogar: Porque se diz que o partido comunista "apoia" este ou aquele Estado governado por um partido que se autonomeia comunista, ou socialista revolucionário? A palavra é "apoio" ou outra coisa? Deve ser outra coisa...

É que o dever internacionalista que se herdou da Revolução Francesa impõe a defesa dos povos que sofrem ataques militares ou económicos de potências superiores ou de regimes estrangeiros usurpadores. Ainda assim, apesar dos deveres internacionalistas e democráticos da melhor tradição, os Estados socialistas não fizeram guerras para derrubar regimes.

O falecido recentemente grande filósofo marxista e comunista Domenico Losurdo escreveu diversos livros que constituem uma luminosa e combativa lição para todos nós, qualquer que seja o lugar ideológico em que nos colocamos: não negando factos que nos incomodam verdadeiramente, contra atacou com a demonstração dos crimes do liberalismo e do "neoliberalismo", com a desmontagem de mentiras e "factos" forjados (com raiz na propaganda anticomunista nazi e na fábrica de mentiras norteamericana da Guerra Fria).

«O senhor (ou senhora) apoia a ditadura da Coreia do Norte?». «Não apoiamos a guerra permanente contra povos obrigados a defenderem-se de todas as maneiras para não serem esmagados militarmente, subjugados por estrangeiros, saqueados das suas riquezas e despojados das suas conquistas sociais inegáveis em comparação com o modo como viviam antes! Têm todo o direito, à luz das leis internacionais e civilizacionais, de decidirem eles próprios qual seja o seu melhor destino! E isto que serve para a República da Coreia, serve para os EUA onde os afroamericanos são oprimidos, ou para o Iraque onde milhões de iraquianos exigem que os ocupantes norte-americanos partam de vez!».

Se o interlocutor "exigir" (como fazem os jornalistas das televisões) uma resposta de "sim" ou "não", a única resposta digna é recusar-se a responder nessa condição de arguido em interrogatório pidesco.

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