Debates entre os candidatos à presidência da República
1. O que parecia ser um dilema e uma contradição do PCP e do BE, o fecho da refinaria de Matosinhos (Leça da Palmeira), entre a defesa dos trabalhadores ameaçados de despedimento e as consequências ambientais da dita, foi dissolvida muito bem pelos candidatos do PCP e do BE, João Ferreira e Marisa Matias. A denúncia factual do negócios que está por trás, a demonstração da ineficácia desse combate ao aquecimento global e a lembrada reivindicação dos trabalhadores para que tivessem sido atempadamente introduzidas novas tecnologias, foram declarações claras e a mensagem passou para muitos indecisos, creio eu. Embora as populações locais se queixem dos "maus cheiros"...
2. Porque nem sempre as mensagens de esquerda passam ou passam tão bem. É o caso da posição do PCP pela voz rigorosa de João Ferreira. A coerência (não há incoerência ou incongruência) da argumentação não passa para além dos eleitores do PCP, creio eu. Sobretudo nesta altura da pandemia (a compra pela UE das vacinas e os fundos europeus que estão a ser distribuídos para a recuperação) uma crítica radical à UE do Euro, principalmente à UE com Euro ou sem ele, encontra muitas dificuldades. Sem deixar-se de ser honesto e sem deixar-se perder a oportunidade para criticar esta UE das oligarquias, é preciso, contudo, a argúcia táctica que a força da televisão exige. Frases curtas, incisivas, claras. Serenidade de quem tem razão. Falar para o auditório (João Ferreira olha para as câmaras e faz bem). Argumentos factuais e doutrina reduzida ao essencial e ao oportuno. No passado não remoto o PCP tem cometido muitos erros no uso das televisões. Quando os jornalistas e comentadores os apontam nem sempre mentem.
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