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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

ÉTICA- 2

 

O primado dos corpos sobre as ideias, filosoficamente falando, significa que as regras básicas de sempre, desde os primórdios da linguagem e outros atos de cultura, são as atividades que visam a procura do alimento, quer fosse recolhendo da natureza, quer s<eja produzindo-o através do trabalho e da técnica. As sociedades recoletoras e nómadas, compostas por grupos mínimos, familiares, já detinham necessariamente regras morais (vemo-las nas tradições e nos mitos, vemo-las nas sociedades recoletoras que foram estudadas), regras muito mais complexas do que cabem na expressão “primitivos selvagens. Veremos amis adiante que alguns comportamentos verificados por antropólogos de solidariedade, cooperação e compaixão, foram, ou são-no, muito mais visíveis, constantes, e comoventes, que o que encontramos nas urbes contemporâneas. Se algo se ganhou, muito se terá perdido. Há que retroceder e simultaneamente avançar. Não é capitalismo neoliberal que tal é possível, seguramente, porque é a realidade que o demonstra.


A invenção da agricultura e da pastorícia, a divisão da terra e do trabalho, a acumulação das reservas, a formas de distribuição das riquezas produzidas, a formação de aldeias-vilas-cidades, de centralização dos poderes, de divisão em estamentos e classes sociais, religiões, Estados políticos, necessitaram de regras que proibiam e castigavam (pela censura, ostracismo, ou por castigos físicos e perdas da liberdade). Essas constituições morais justificavam-se num ordenamento religioso ou mítico. Na realidade, mitificavam a função principal: fazer escravos e constituir uma força de trabalho. Ainda que os escravos (prisioneiros das muitas guerras para fazer escravos, ou punidos por dívidas) fossem nalguns casos melhor tratados que a plebe ou proletariado desempregado da Roma antiga, não deixavam de ser meros instrumentos ou “bestas de trabalho, muito raramente libertados, e foram eles que ergueram as pirâmides do Egipto, rasgaram canais fluviais, plantaram e colheram para uma minoria de senhores. Esta é uma base primária para analisarmos as morais. Os liberais -teóricos- costumam contrapôr o trabalho livre nas sociedades industriais ou capitalistas ao mundo da escravatura. Na verdade, mentem, porque o capitalismo formou-se sobre a escravatura, o racismo, e o colonialismo. Sem o mundo fora das fronteiras da Europa o capitalismo não subsistiria.Nenhuma Ética pode processar-se sem estas verdades fundamentais. E os primeiros a dizê-lo de modo substancial e não retórico, foram Marx e Engels.

Mas foram também eles que descreveram a moral novas que a burguesia trouxe à Europa. Foram escritas em 1848 no célebre Manifesto Partido Comunista: (citação)

A moral nova ficou classificada como moral burguesa, isto é, moral de classe. É esta classificação científica que norteiam a investigação oriunda de Marx. Toda a moral é moral de uma dada classe; toda a moral dominante (que domina outras suas contemporâneas) é a moral da classe que domina todas as outras classes sociais.

(Continua)

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