«(...)
A
relativa autonomia do Estado em relação às classes sociais permite que
esse favoreça, eventualmente, interesses das classes dominadas. Desde
que tais interesses não coloquem em xeque a reprodução da sociabilidade
capitalista, tais concessões podem inclusive contrariar os interesses da
burguesia, pois o Estado capitalista não representa diretamente os
interesses econômicos da burguesia, mas sim seus interesses políticos.
Não se deve ignorar que a concessão de determinados interesses à classe
trabalhadora pode inclusive desmobilizá-los politicamente. Além disso,
ganhos pontuais da classe trabalhadora reforçam a visão de que o Estado é
representante do interesse geral. ( Tendo em conta estes cuidados marxistas as lutas com ganhos são um objetivo central imediato. N.P.)
Demarcar a autonomia relativa do político em relação ao econômico pode ser útil não apenas para uma análise mais rigorosa do ponto de vista teórico, mas também para captar as determinações recíprocas entre essas duas instâncias e para traçar estratégias de intervenção na realidade que não considerem que a luta política de classes é um puro reflexo das relações econômicas. Embora economia e política estejam entrelaçadas na realidade concreta, compreender a especificidade do Estado nas lutas econômicas e ideológicas é fundamental para que a disputa política ocorra não só em tempos de turbulência mas, sobretudo, em tempos de aparente tranquilidade.
*Matheus Silveira de Souza é mestre em direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP).
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