BARUCH SPINOZA
Ocidente a janela em bruma de ouro
A luz evoca. Assíduo, o manuscrito
Já prenhe de infinito a hora aguarda.
Alguém nesta penumbra a Deus constrói,
Um homem Deus engendra. É um judeu
De tristes olhos e cítrea pele.
O tempo o leva como leva um rio
A folha que nas águas vai descendo.
Não importa porém; com delicada
Geometria insiste o feiticeiro
E a Deus cinzela; da doença parte
Para além do que dele só é nada.
A Deus vai erigindo com palavras,
O mais pródigo amor lhe foi doado,
Amor que não espera ser amado.
(Jorge Luis Borges)
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