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terça-feira, 1 de junho de 2010

«Cuidado com a Alemanha»

Leio sempre com interesse as crónicas do professor Diogo Freitas do Amaral na revista "Visão". Eis outro exemplo de como os indivíduos podem evoluir: Se olhassemos apenas para o passado político deste homem tudo me afastaria dele. A sua passagem breve pelo governo de Sócrates em nada o manchou. O seu prestígio internacional é incontestável. As crónicas, reflectindo muito embora um pensamento "liberal" são sempre inteligentes e oportunas (ainda que discutíveis, pois claro). O pensamento "liberal" é tão variado que nos EU corresponde a um movimento reformista que se opõe ao Partido Republicano e se encontra em certas questões na ala esquerda do Partido Democrático. Não conheço os contornos do pensamento teórico, de doutrina política, de Freitas do Amaral, tanto mais que ele nos surpreendeu aderindo ao governo do PS, ele, que foi fundador do CDS. Apreciar as suas análises políticas não é esperar que ele critique a NATO e outros eixos fundamentais do imperialismo e do capitalismo. É constatar com curiosidade como certos destacados cidadãos podem evoluir para posições críticas um tanto ou quanto inesperadas e interrogar-me porque sucede assim. Talvez seja a própria vida a ensinar...
Nesta crónica última «Cuidado com a Alemanha» o que mais importa não é encontrar aí porventura um pensamento legitimamente conservador que aponta os perigos das grandes potências sobre a nossa soberania nacional, mas os efeitos nefastos das opções políticas dos últimos anos. Leia-se, por exemplo, este parágrafo: «Crescimento mínimo, desemprego crónico e endividamento excessivo: eis um resultado não previsto do euro mas muito negativo - e que, por isso, é indispensável examinar com toda a objectividade, e sem preconceitos, (também não conseguimos reduzir as desigualdades sociais - o que é mau, mas não resulta do euro, pois quase todos os países dessa zona estão melhores do que nós.» Se admitirmos que o seu ideário ainda é de Direita, como julgo, só podemos concluir que há uma Direita inteligente e uma Direita estúpida. Quando ele escreve que «salvar o Euro e a EU, (é) conseguir negociar -desde já- a flexibilização das regras do PEC», é ler palavras de uma Direita inteligente.
Eu, que sou de esquerda, não me importo de lidar com a inteligência. Não suporto é a boçalidade, a arrogância, a prepotência, o cinismo brutal dos poderosos.

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