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domingo, 20 de junho de 2010

Onde o diálogo acaba e começa a perseguição policial

Registo com agrado a posição oficial manifestada pela Igreja católica portuguesa sobre o valor e o lugar de José Saramago na cultura portuguesa e mundial e não esqueço os diálogos cordatos e cívicos que entabulou com o crítico da história da Igreja. Também não esqueço a história da igreja portuguesa no passado, mas não vem ao caso. No cristianismo em geral e no catolicismo em particular cabem tendências diversas (o actual Papa excomungou algumas, como se sabe); um senhorito que desempenhava altas funções no governo de Cavaco Silva proibiu a candidatura de Saramago a um galardão internacional; o senhorito, que hoje se recorda apenas por esse acto miserável, achava-se mais católico do que os outros. Tanto pecou ele como o seu chefe do Governo, que é agora Presidente de «todos os portugueses» e que decidiu faltar ao funeral do ilustre português escritor. Bem fiz eu que não votei nele nem votarei nunca.
O «Observatore Romano», órgão do Vaticano, dirige a Saramago as piores calúnias, movidas pelo ódio ao ateísmo, ao marxismo e ao comunismo; até aí ainda se compreende que não gostem dos ateus; o que não é moralmente admissível, nem no plano da argumentação filosófica, é que o acusem de cumplicidade (moral) nos actos criminosos praticados sob o estalinismo. Na argumentação é uma falácia da pior espécie. É tão estúpido como acusar um «liberal» dos crimes cometidos por regimes ditos «liberais», ou alcunhar a doutrina política do Liberalismo como «ideologia criminosa». Melhor dito: acusar a religião cristã da «ideologia» que cometeu a Matança de São Bartolomeu. Se enveredamos por esse tipo de falácia «ad hominem» não é possível o diálogo, seja ele político, seja ele metafísico.

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