Circula pela Net uma mensagem toda de imagens feita cuja origem ignoro que compara, através de simples imagens, a realidade que se vive na Palestina ocupada com o holocausto perpetrado pelos nazis sobre os judeus. No caso presente são os judeus que têm como alvo os palestinos. Será um exagero, mas é assim que se procede hoje, para o bem e para o mal, com as imagens. São elas a mensagem e não o texto com palavras, são elas a narrativa sem o enredo explicativo. Daí o exagero. Contudo, fica-se impressionado com as semelhanças, tanto mais porque lhes falta, precisamente, o contexto teórico: em ambos os casos os muros e os guetos, as armas sempre apontadas às vitímas indefesas, incluindo crianças e mulheres; o desprezo com que os algozes observam os mortos; os rostos tristes de crianças olhando através do arame-farpado, etc. O regime político de Israel é a democracia e não o totalitarismo nazi, os palestinos não são incinerados em fornos. Todavia, que terríveis as semelhanças das imagens que retratam um quotidiano, um ódio de uma «raça» contra outra (nos israelitas há também medo nesse ódio), o comportamento de soldados que não se limitam a cumprir ordens com zêlo, cumprem-nas com brutalidade cruel e, evidentemente, desproporcionada. Lembremos os crimes horrendos que praticaram no Líbano há uma vintena de anos sobre os campos de refugiados, lembremos tudo que em décadas têm cometido de violento contra um povo que é tão semita como eles o são. A comparação será excessiva, porém agora são as vítimas de antes (os judeus) que praticam actos de extermínio, ocupação, saque, policiamento, exclusão, racismo, como se reproduzissem o que lhes fizeram a eles mesmos.
Às vezes as imagens são tão transparentes que a realidade torna-se invisível. As sociedades contemporâneas possuem esta particularidade inquietante. No entanto, comparar imagens é comparar actos e comportamentos, é recordar, provocar uma reflexão urgente e, sobretudo, um sentimento de revolta.
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