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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Esclarecimentos oportunos

Acusar o marxismo de ateísmo militante é incorrecto, recorrendo ao melhor dos termos para classificar essa acusação. Não existe uma «ideologia marxista», existem diversos marxismos. É certo que alguns regimes do Leste difundiram uma «ideologia marxista», mas esses regimes desapareceram; a ideologia da qual se quiseram únicos representantes era política, doutrina política e não religiosa ou anti; não proibiram as religiões nem encerraram as igrejas; a igreja ortodoxa acomodou-se perfeitamente com o regime que vigorava na URSS; na Polónia o catolicismo era praticado livremente e as suas igrejas bombardeadas pelos nazis foram reconstruídas pelo regime; nas Constituições políticas desses regimes, em nenhum deles, figurava a proibição das religiões. Marx e Engels não eram crentes, é certo, mas não fizeram da religião o seu inimigo político; dissertaram longamente sobre Economia, Política, Filosofia, mas não escreveram nenhum tratado ateísta. Para se aderir às teses de Marx não é indispensável abandonar  qualquer crença religiosa, como o demonstra o facto de milhões de militantes de partidos marxistas terem sido crentes, assim como militantes de outros partidos que incluíam nos seus programas ou nos seus ideais algumas das teses de Marx sobre os malefícios do capitalismo e do colonialismo e os benefícios do socialismo e da revolução. Sacerdotes foram militantes e guerrilheiros e alguns bispos acharam boas e generosas as ideias comunistas de Marx; escreveram-se muitos textos filosóficos e outros mais panfletários que classificavam Jesus como o primeiro comunista; o Vaticano condenou vários padres e textos como heresias, mas as heresias podem ser modos de regressar ao cristianismo dos Evangelhos. O levantamento insurrecional de camponeses que se seguiu às Teses de Lutero foi em nome do verdadeiro cristianismo e na Inglaterra haveria de suceder o mesmo; a Reforma foi classificada pela Igreja de Roma como «Anti-Cristo» e, todavia, deu origem às muitas Igrejas Protestantes.
Bento Espinosa que foi o primeiro a analisar a Bíblia (Antigo Testamento), excomungado pela Igreja de Roma e pelos judeus ortodoxos, escreveu «Deus ou Natureza»: tanto pode ser interpretado como ateísmo como, pelo contrário, ter sido ele um «ébrio de Deus», conforma o disse um filósofo alemão.
Os que militaram mais contra as igrejas, os padres e a religião foram os anarquistas, assim sucedeu antes da guerra civil espanhola, mas os comunistas é que arcaram até hoje com as culpas. A Primeira República Portuguesa não perseguiu a Igreja; o que incomodou esta foi estabelecer-se a separação do Estado e da Igreja, como era e é normal nas Constituições republicanas e democráticas.

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