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terça-feira, 21 de julho de 2020

MIlhões de mortos nos gulags?

«Fazemos aqui uma pequena incursão no Gulag para abordar o problema mais geral do número de pessoas enviadas e mortas nos campos de trabalho correccional. A palavra Gulag é o acrónimo russo de Administração Principal dos Campos e Prisões.
Armado de toda a ciência da estatística e da extrapolação, Robert Conquest fez os seguintes cálculos: cinco milhões de reclusos no Gulag no começo de 1934; mais sete milhões de presos durante a depuração de 1937-1938, o que perfaz 12; desconta-se um milhão de executados e dois milhões de mortos por causas diversas durante esses dois anos. E chega-se assim ao número exacto de nove milhões de presos políticos em 1939 «sem contar os de delito comum»(205).
Conhecendo agora a amplitude da repressão, Conquest dispôs-se a contar os cadáveres. Entre 1939 e 1953, a taxa de mortalidade média «rondou os dez por cento» ao ano. Ora, como durante este período o número de detidos estabilizou em torno dos oito milhões, isso quer dizer que durante esses 14 anos, 12 milhões de pessoas foram assassinadas no Gulag pelo stalinismo.
Os irmãos Medvédev, esses «comunistas» da escola de BukhárineGorbatchov, confirmam, no essencial, aqueles números reveladores:
«Durante a vida de Stáline havia entre doze a treze milhões de pessoas nos campos». Sob Khruchov, que fez «renascer as esperanças de democratização», as coisas melhoraram muito, bem entendido: no Gulag não havia mais do que «dois milhões de criminosos de delito comum(206). Até aqui, não havia problemas. Tudo ia pelo melhor para os anticomunistas. Acreditávamos nas suas palavras.
Mas, mais tarde, a URSS eclodiu e alguns discípulos de Gorbatchov puderam acercar-se dos arquivos soviéticos. Em 1990, os historiadores soviéticos Zemskov e Dúguine publicaram as estatísticas inéditas do Gulag. Nelas constam as chegadas e as partidas dos reclusos até o último homem. Consequência inesperada: estes registos permitiram arrancar a máscara científica a Conquest.
Em 1934, Conquest contou cinco milhões de reclusos políticos. De facto, oscilaram entre 127 mil e 170 mil. O número exacto de todos os detidos, políticos e de delito comum, nos campos de trabalho era de 510 307. No conjunto dos detidos, os políticos representavam entre 25 e 33 por cento. Aos 150 mil reclusos políticos, Conquest acrescentou quatro milhões e 850 mil. Um pequeno detalhe...
Conquest tinha calculado uma média anual de oito milhões de detidos nos campos. E Medvédev 12 a 13 milhões. Na realidade, o número de detidos políticos oscilou entre um mínimo de 127 mil, em 1934, e um máximo de 500 mil entre 1941 e 1942, os dois primeiros anos da guerra. Os números reais foram assim multiplicados de 16 até 26 vezes. Para uma média verificada entre 236 mil e 315 mil presos políticos, Conquest inventou mais sete milhões e 700 mil! Erro estatístico marginal, certamente. No entanto, nos nossos livros escolares, nos nossos jornais, não encontramos o número real de 272 mil, mas a calúnia dos oito milhões.»
in Pelo Socialismo

Um Outro Olhar Sobre Stáline

Ludo Martens


Capítulo VII - A grande depuração

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