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sexta-feira, 15 de julho de 2022

ÉTICA

 Os livros escolares de filosofia falsificam a história das ideias. As aulas tornam-se aborrecidas para os alunos, e somente uma minoria aproveita o que escuta ou lê. Não se ensina uma história, mas uma sucessão cujo sentido escapa a quem é obrigado a suportá-la. As ideias são apresentadas como pairando num céu sem nuvens, ou borbotando de cérebros excepcionais. Parecem nascer apenas da vontade de uns tantos ou brotar de um sonho ou de uma intuição. Ao que eles chamam de "revoluções" são apenas intuições quase milagrosas, sem carne e sem vida. Sem contexto histórico, isto é, épocal : político, económico, social. As ideias ou os conceitos ou os novos métodos de abordar problemas desenvolvem-se fora dos conflitos materiais, com as suas violências extremas. Em John Locke não se ensina a escravidão ; contudo, sabe-se como ele ganhou dinheiro à custa do tráfico negreiro. Explique-se primeiramente o  tráfico negreiro, as fontes da acumulação primitiva do capital na Grã-Bretanha e então, sim, ligue-se tudo com as novas ideias liberais. 

  O mesmo se passa no ensino da História . Talvez tenham existido melhores professores que em Filosofia. Contudo, não é da responsabilidade exclusiva dos professores de Filosofia ou de História, mas dos manuais escolares. Todos eles têm vindo a converter-se em livros infantis de imagens. É o espetáculo, a tentativa de subornar pela imagem, de vencer a luta das imagens nas sociedades do espetáculo. Também no ensino da história - ou nos manuais - não existe luta de classes. Por cada período curto ou longo, não se narra a épica das greves e outras lutas dos operários, dos camponeses. O seu sofrimento na escravatura de que portugueses foram o pior exemplo. Tudo se omite sobre a história do trabalho e dos trabalhadores, da espoliação e exploração que forneceu a riqueza obscena dos milionários do século dezanove e vinte.

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