ÉTICA - Prolegómenos

 Consideremos a ÉTICA como reflexão (investigação, inquérito) da Moral. Consideremos esta como o conjunto de determinadas regras ou normas para a "boa" conduta individual e para evitar a "má". O conjunto pode não conter ordem nenhuma ; contradições, paradoxos, inconsistências, dilemas entre tradições e mudanças. "Evitar" pode significar explícita ou implicitamente -tácita ou expressa - censura ou outra formas de repressão (exclusão, ostracismo, castigos físicos ou económicos). Toda a moral existente até à data, portanto, é sobretudo um meio para alguns dominarem outros, a classe social que é proprietária dos principais  meios de produção, dominará os principais meios de expressão dos sentimentos e das ideias.

   O marxismo possui uma ética - reflexão filosófico-científica sobre o fenómeno histórico-social das morais. Qual a composição de uma determinada moral? É -ou foi- absolutamente dominante, destruindo ou assimilando outra(s)? Dominou (domina) mas não completamente? Encontra-se em declínio? Qual a sua função social (finalidade(s), investigada a sua composição, organização, localização geográfica, época ou período histórico)? Quais são os intercâmbios, interações, de uma determinada moral com outras fora de um território (num continente, região)? Como se exerce, através de que meios (fala, mitos e narrações, manuscritos, etc.)? Quais as ligações com um determinado modo-de-produção (investigar que interesses económicos se defende, se justificam)? Qual a sua margem de possibilidade de mudança, de transformação progressista? Qual o papel desempenhado nessas transformações pelos conflitos sociais? Pelos interesses da classe dominante? Que transformações sofreu a moral quando se verificaram transformações revolucionárias (mudanças no regime de propriedade, nas relações de produção, na relativa emancipação do trabalhador)?

   Relações da Moral com a Linguagem ; com a cultura (esta entendida no sentido abrangente e não elitista) ; com o Direito (as leis); a religião.

Toda o obra conhecida de Karl Marx, desde a juventude à velhice, contém uma ética. Desde os Manuscritos de Paris, A Ideologia Alemã, até a O capital. Não explicitamente desenvolvida nas obras da maturidade.

  E expõem uma determinada moral (princípios, normas, finalidades) particularmente nas obras da juventude de Marx e de Engels.