A Câmara Municipal de Torres Vedras decidiu comprar o objecto artístico de Joana Vasconcelos, actualmente exibido defronte do Museu Abelardo, no CCB, e vir a colocá-lo às portas do novo Mercado Municipal.
1. Não faço do montante monetário a questão principal, tanto mais porque há um mecenas envolvido, o que faz diminuir substancialmente a despesa. As obras de arte não são nem têm que ser baratinhas. De resto, a arte há muito que não escapa mais às «leis» do mercado, sendo ela mercadoria.
2. As obras dessa artista possuem uma «mensagem» crítica (há intelectuais que não gostam da palavra), embora me pareça que essa acutilância tem vindo a esbater-se com a promoção mediática da «estrela».
3. Conforme as próprias declarações da autora (dispensáveis, de resto, para a interpretação das suas obras, pois que elas são bastante óbvias) o «Garrafão» pretende criticar o consumo excessivo do vinho pelos portugueses. Não é, portanto, uma homenagem ao Vinho e ao respectivo garrafão, simbolicamente lusitano.
4. Depreende-se que o executivo camarário (ou o seu presidente), ao adquirir o objecto, tenciona homenagear a terra que produz o vinho, isto é, promover nacional e internacionalmente um produto local. Assim sendo, o garrafão (e o vinho) é um símbolo positivo do Concelho de Torres Vedras.
5. Há aqui, por conseguinte, uma contradição entre duas intenções e dois símbolos. A artista mesmo assim vendeu o objecto, apesar de se ter apercebido perfeitamente da contradição.
6. Que irão apreciar no «Garrafão» os utentes do Mercado Municipal e os visitantes amantes das artes? A crítica ou a promoção?
1 comentário:
Eu tenho uma posição sobre a arte moderna que não é consensual. Talvez seja melhor não comentar, por isso.
Boa semana.
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