O cinema português encontra-se numa situação aflitiva, averbada em manifesto subscrito por numerosos realizadores. Provavelmente sempre conheceu situações críticas, um viver oscilante, porém esta parece ser das piores, senão a pior. Os factores serão vários, uns conjunturais, outros estruturais, mas o dilema é sempre o mesmo: fazer-se cinema independnete, de autor, e não conquistar público que o pague; fazer cinema comercial e, mesmo assim, raramente alcançar público que o pague. Portanto, o Estado continua a ser indispensável. Se a arte é um bem público, não o é menos que o ensino e a saúde. Se sacudirmos os subsídios, em nome de algum princípio de autocracia, tem que se ir buscar o dinheiro a algum lado. O público não compra obras de arte em exposições dispendiosas, não paga os bilhetes para o cinema e para o teatro. Por consequência, fazem-se espectáculos menos dispendiosos, ou não se fazem sequer. Os artistas do teatro vivem em situação precária ou encontram-se desempregados. Algumas companhias estão à beira da ruína. Os cineastas evitam adaptar as grandes obras da nossa literatura, não sei exactamente porquê. É verdade que crises destas também a sofre o cinema de outros países da Europa, alguns dos quais fizeram o nosso amor pelos filmes, mas com a crise dos outros podemos nós; se a causa é a competição devastadora do cinema norte-americano, então é uma causa antiga, já tempo houve para se aplicar novas estratégias. A União Europeia prometeu-as...para as calendas gregas.
Os outros estão mal, nós, por cá, estamos pior em tudo.
Entretanto, há negócios que prosperam, os ricos estão cada vez mais ricos, a Banca não se queixa, os hospitais privados estão bem de saúde, assim como as escolas e universidades privadas.
A Arte é privada ou é pública?
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