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terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma arma de guerra

Os teóricos do pós-modernismo (Lyotard, Vatimo, e outros, Popper já andava há muito tempo a dar uma ajuda) fulminaram as «narrativas», o historicismo, o estruturalismo e outros ismos, particularmente os marxismos. Discípulos, «novos filósofos», professores da moda, seguidores que consomem apenas as novidades, desataram a opinar contra tudo que cheirasse a «moderno» (para eles antiquíssimo). Os marxismos eram o alvo principal naturalmente (o corporativismo universitário esqueceu-se subitamente que já fora marxista e apressou-se a sanear). Na verdade o pós-modernismo foi a expressão (teórica, ideológica) da arrancada triunfante do neo-liberalismo. Liberdades individuais, direito à diferença, direitos humanos em suma, abriam caminho ao mercado livre. Falira a experiência soviética e as sociais-democracias embarcaram nas críticas ao Estado e ao Estado-providência, sobretudo. Entretanto o neo-liberalismo rebentou pelas costuras e os Estados apressaram-se a salvá-lo. A cultura e as artes gozam de autonomia em relação à base económica. Gozam mesmo? Qual o grau de autonomia das ideologias, filosofias e teorias, relativamente ao Mercado, ao capital financeiro, à indústria da cultura? Qual a natureza transcendente das teorias filosóficas pós-modernistas se o alvo principal dos ataques foram os marxismos? A economia e a política estão realmente tão arredadas dos interesses dos «novos filósofos»?
Cá por mim vale mais assumir esses interesses. Fazer da filosofia uma arma de guerra contra a guerra que lhe fazem. Que fazem contra os povos, a cultura, a liberdade.

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