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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ainda sobre a "educação sexual" pelas escolas

A «educação sexual» a cargo da escola não é uma questão moral, é uma questão, sobretudo, de saúde pública. Mas não só (no sentido restricto, pelo menos): é também uma medida para civilizar as relações humanas, sociais, entre dois amigos ou parceiros, entre os "pares" (os iguais), entre os géneros, para tornar mais consciente aquilo que é inconsciente (a sexualidade), para explicar que o amor é uma "astúcia" da natureza para melhor juntar dois parceiros, mas uma astúcia que pode ser governada pela consciência humana, um acto que o grau de afecto pode conter ou libertar. Se lhe atribuirmos o seu sentido mais elevado, ela serve a emancipação do homem e da mulher, principalmente da mulher (quem oprimiu não foi a mulher, foi o homem, a "masculinidade"), não subtrái à igualdade, acrescenta-a, dá-lhe mais substância concreta. O que se deve transmitir na «educação sexual» aos adolescentes é a igualdade dos géneros (dos sexos), direitos e deveres iguais. Quem mais sofre na pele os efeitos de uma má educação sexual são os mais desprotegidos; não me refiro apenas aos púberes e adolescentes, mas àqueles que vivem na miséria (ou no seu limiar) económica e cultural, que somam às dificuldades que já têm, uma gravidez indesejada, inoportuna. A maior parte das famílias numerosas pertencem a essa camadas sociais. Certamente que a má educação sexual (os comportamentos irresponsáveis de risco) é transversal a todas as classes sociais, mas, pela evidência dos números, é menos evitável nas classes mais pobres, por via de factores que vão para além dos rendimentos mas que começam pelo nível da pobreza. Pode-se ensinar melhor ou pior a educação sexual nas escolas, contudo é sempre melhor do que aquela que é prestada pelos avós ou pelos progenitores (por razões psicanalíticas e psicológicas, pelo facto de que a família é uma instituição mais ou menos fechada, hierárquica). Recusar a educação sexual pelas escolas por motivos moralistas só pode provir de elites (económicas, não culturais), de partes ou do todo das classes dominantes, quer seja escudadas sob a capa de um catolicismo serôdio e hipócrita (mas milenar), quer seja para proteger os seus "direitos de progenitura", ou seja, dinásticos.

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

boas causas. aqui. sempre..

abraços

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