Estudantes protestaram durante a cerimónia de abertura do ano lectivo no Instituto Superior de Engenharia do Porto, na presença do primeiro ministro e do ministro do ensino superior. A este entregaram-lhe uma medalha «por fazer com que Portugal seja o país da Europa onde as famílias mais gastam com a educação» e ostentaram faixas e cartazes, uma das quais perguntava:« Gago, quanto pagaste de propinas?». «Nos últimos quinze anos as propinas aumentaram 400% em Portugal», esta e outras frases foram lidas por um estudante em plena cerimónia «Acção Social não existe em Portugal», foi dos slogans mais gritados na referida cerimónia.
Consta que Mariano Gago se engasgou e que o primeiro ministro empalideceu ligeiramente sentado na primeira fila, lembrando-se que o seu ministro da justiça fizera o mesmo, fora mesmo o primeiro a fazê-lo, durante uma cerimónia idêntica na universidade de Coimbra nos tempos duros da ditadura fascista.
Esta é evidentemente uma pura analogia da minha lavra, porque em nada se compara o presente com o passado. No presente existe uma Constituição democrática que já foi revista várias vezes e que o PSD quer novamente desfigurar, um governo que liberaliza e privatiza conforme o modelo dominante do neo-liberalismo, um ensino público no qual todas as contradições são possíveis menos as soluções e uma crise de todo o tamanho que os monopólios provocaram e que dela se aproveitam tranquilamente. Mais de 40% do sector da Saúde já pertence ao privado e a maioria dos empresários não paga o IRC. Há filósofos radicais que chamariam a esta democracia um totalitarismo consentido.
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