O diktat da Comissão europeia do visto para fazer passar o Orçamento nacional obriga a uma reflexão aprofundada sobre a situação das soberanias nacionais. A título imediato provoca justamente a revolta e a indignação. É preocupante que as forças políticas dominantes baixem a cerviz e aceitem tamanha intrusão. Demonstram o servilismo que reina por cá e noutros governos europeus endividados, e quem efectivamente domina a União Europeia. A reflexão mais aprofundada passa pela controvérsia contemporânea sobre se a soberania se eclipsa ou não no quadro das transformações provocadas pela chamada «globalização». Anda por aí a correr a tese, dada como adquirida, segundo a qual as novas sociedades em-rede (M. Castells) substituem as entidades nacionais (o mercado mundial, as comunicações, os organismos internacionais) ou a tese similar que considera inútil, ou mesmo reaccionária, a luta por objectivos nacionais (A. Negri).
Ora, se é certo que a soberania tem vindo a decair face aos condicionalismos internacionais contemporâneos (quer se queira, quer não, estamos todos no mercado mundial), tais tendências contêm uma forte componente neo-imperialista, e os interesses das grandes potências e das multinacionais são bem visíveis. Em termos grossos poder-se-á conluir que a soberania dos países periféricos, mais pequenos ou mais pobres (da Europa ou do Sul), já não interessa, mas para as grandes potências (E.U., Japão, Alemanha, Inglaterra, França, China) ainda interessa-lhes e muito.
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