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domingo, 20 de junho de 2010

O ódio

As igrejas são conservadoras sem excepção porque julgam que é dos seus dogmas que depende a sua sobrevivência. O jornal oficioso do Vaticano disparou o seu ódio contra Saramago, que já não está cá para o desprezar ou para lhe responder. A Igreja de Roma instauraria a censura pública se pudesse, visto que a censura privada já a instaurou há séculos. Na Itália de Mussolini e, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar a igreja conviveu perfeitamente com a censura. Na Universidade Católica Bento Espinosa não entra, esse «cão tinhoso» como  lhe chamaram que se atreveu a analisar criticamente a Bíblia. A Igreja não é tolerante; por consequência não se pode ser tolerante com ela. Num regime de liberdades de expressão ela não permite a livre expressão e mostrando-se mansa em outras circunstâncias, morde com raiva quem ousar revelar os crimes que cometeu ou que calou. Quem se lembra da cumplicidade com a extradição dos judeus para os campos de concentração na Itália? Quem se lembra do seu silêncio cúmplice perante o campo do Tarrafal? Quem se lembra do cónego que organizava os atentados terroristas no período revolucionário em Portugal?Quem se lembra da colaboração da igreja na matança perpetrada pela besta franquista sobre os derrotados da guerra civil (não tiveram os golpistas fascistas a benção da Igreja?)? Agora parece mansa e liberal na Espanha...mas experimente-se falar nesses e noutros crimes ou tocar nos seus dogmas fundamentalistas e fanáticos.
Saramago não escreveu contra os cristãos, escreveu contra os déspotas, os dignatários, os chefes, os magnatas, os donos do dinheiro e das almas dos penitentes. Escreveu contra os senhores da guerra e aqueles que fazem caridade com ela. Escreveu contra a mentira e a hipocrisia. Por isso ele representa a consciência moral no sentido mais nobre da palavra. A igreja não possui o património da moral. Possui a sua moral, que não é, seguramente, a moral daquele presumível judeu pobre e esfarrapado que se deixou crucificar pela sua fé num Deus misericordioso.

2 comentários:

Mel de Carvalho disse...

Além do juízo dos que são "Vaticano" ficam, "Levantados do Chão, "Todos os Nomes" dos que, anonimamente, nele se viram representados.

... Em sua memória, no Memorial Maior, onde se inscrevem por direito ao contraditório, na inquietude, cadências sonoras internas, sonoridades oportunas e audazes.
E palavras...
e valores...

além da arte.

Até sempre, José Saramago...

cid simoes disse...

O Vaticano que todos os quinze dias nos vem pedir desculpa pelos crimes cometidos, bem podia por uma vez baixar a grimpa.

Viagem à Polónia

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Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.