"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes ; a questão, porém, é transformá-lo.» K. Marx, Tese Onze
É aqui que se encontra a questão fundamental da Crítica da Ética especulativa, idealista e ideológica (tomadas estas expressões no sentido negativo que Marx lhes deu quando escreveu as onze teses).
A história da Filosofia é quase toda a história das interpretações da ética e da moral. Fosse por influência do estoicismo, fosse por dominação milenar da religião cristã, a Moral, as questões do comportamento moral, tomaram conta dos escritos dos melhores pensadores. Por vezes exerceram influência nas ações políticas, sem dúvida, muitas outras vezes não impediram coisa nenhuma. Não impediram porque na realidade não pretendiam impedir o que ia acontecer ou estava acontecendo. Não era essa a sua função. Com exceções de alguns filósofos-intérpretes, a grande maioria dirigia o seu moralismo aos dominados. Era essa uma função.
Se uma ética não servir a causa da emancipação dos explorados de ontem e de hoje, não tem outra utilidade senão de servir de véu. Disse "explorados", mas posso falar na sua enorme utilidade social se os seus avisos se destinarem a todos os humanos, concernentes a muitos dos graves problemas que ameaçam a sobrevivência da Humanidade.
Não é, pois, uma Ética especulativa (negativamente) que importa e urge. É a prática.
A prática que explica e condiciona as funções das éticas e das morais. A prática que uma boa ética deve saber guiar.
Para transformar o mundo para melhor. Uma ética da Resistência é o que importa agora.
Ainda assim, declarações éticas (venham da moral cristã ou outra) que expliquem, aconselhem, censurem e avisem, podem ajudar à transformação dos comportamentos. A autoridade moral é uma grande força material.
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