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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
“Toda a minha vida foi dominada pela pergunta: como é que aquilo pôde
acontecer na Europa? Como é que por trás da casa de Goethe existe um
campo de concentração? Como é que o país mais educado do mundo se tornou
nazi? Nunca se esqueça de que a educação na Alemanha era provavelmente a
mais avançada, mas não foi suficiente para travar Hitler. Toda a minha
vida me interroguei sobre se as humanidades realmente humanizam.
Deixe-me colocar a questão desta forma: passo o dia todo com os meus
alunos a ler o King Lear e, ao voltar para casa, estou tão
possuído interiormente por esse texto que não ouço os gritos de alguém
na rua. Alguém grita por ajuda e eu não ouço. Sempre me intrigou até que
ponto a ficção - e ‘ficção’ é a palavra-chave - pode ser mais poderosa
do que a realidade. Passei a vida a ensinar as pessoas a ler e a amar o
que leem. Mas questiono-me a mim próprio sobre o perigo imenso de nos
identificarmos com a ficção”.
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